Deputados lançam Frente Parlamentar da Telessaúde
A Câmara dos Deputados lançou ontem (26), em Brasília, a Frente Parlamentar da Telessaúde. Com a pandemia de Covid-19 e o isolamento social, a telessaúde, que já era um pleito antigo do setor, superou as adversidades e se estabeleceu no Brasil. Junto com a nova modalidade, veio a necessidade de debater a implementação efetiva em todo o território brasileiro e de discutir outros temas relacionados às tecnologias e inovações na saúde.
A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) divulgou apoio à iniciativa. De acordo com Eduardo Amaro, presidente do Conselho de Administração da associação, a telessaúde foi uma aliada fundamental durante a pandemia. “Mesmo sem uma regulamentação adequada, o setor se mobilizou, se adaptou e foi capaz de oferecer os serviços e de dar continuidade ao atendimento à população. Esse é um caminho sem volta e é uma evolução que precisa acontecer”, defende.
Para a presidente da Frente da Telessaúde, deputada federal Adriana Ventura, a tecnologia vai melhorar e ampliar o acesso da população à saúde. “O uso da telessaúde tem o poder de garantir que muitas pessoas continuem tendo o atendimento médico, à distância, e aquelas que não têm nenhuma assistência passe a ter, democratizando o acesso à saúde”, argumenta.
O apoio à Frente Parlamentar Mista da Telessaúde soma-se a outras iniciativas da Anahp de valorização ao atendimento a distância. A entidade instituiu um Grupo de Trabalho (GT) de Telemedicina para promover a interação de seus associados a respeito de melhores práticas, desafios e perspectivas da modalidade.
“Em comparação com outros países que já praticam telessaúde há anos, como os Estados Unidos, o Brasil está muito atrasado, mas a autorização para o exercício da telemedicina foi um passo muito importante para o setor. Agora, a expectativa é que o atendimento remoto seja regulamentado e que haja um investimento maior em tecnologia”, conta Eduardo Cordioli, coordenador do Grupo de Trabalho de Telemedicina da Anahp.
Pesquisa sobre Telemedicina
Pelo importante papel que desempenhou no cuidado com o paciente e para as instituições de saúde, a telemedicina também foi tema de uma pesquisa de opinião realizada com os dirigentes de hospitais associados. Na 3ª edição da Nota Técnica – Observatório Anahp, a entidade apurou como os executivos adaptaram os negócios para enfrentar a pandemia de Covid-19 e as expectativas para o fechamento de 2020.
A maioria dos entrevistados (75%) revelou fazer uso de práticas da telemedicina ou telessaúde e quase 70% dos dirigentes afirmaram que a tecnologia tem ajudado o hospital a sair da crise causada pela pandemia. Os executivos indicaram ainda que, no último trimestre (abril-junho/2020), os serviços de telemedicina já representaram, em média, 5,8% das receitas ambulatoriais do hospital, e preveem que esse número deve subir para 8,8%, no segundo semestre do ano. Para 90% dos dirigentes, entre os meses de julho a dezembro, as consultas à distância deverão representar até 25% do total de consultas ambulatoriais.
O tema também foi discutido em diversas palestras do Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp). Na plenária “Preservando a relação médico-paciente na era das tecnologias disruptivas em saúde”, que contou com a participação de Cordioli, o coordenador do GT de Telemedicina da Anahp destacou a importância de ampliar a utilização das plataformas de atendimento à distância, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS). “Vivemos em um país com dimensão continental. Sem saúde digital não vamos conseguir chegar a todos os lugares”.
Para Cordioli, o atendimento aos pacientes não se tornará apenas online. “O futuro é híbrido, terá uma parte digital e uma parte presencial. Abrir uma porta digital do consultório não significa fechar a física, é um ‘endereço’ a mais. Um bom profissional sabe quando consegue conduzir de forma digital e quando deve trazer para o presencial, garantindo a continuidade do tratamento”.