Dasa e CDPI investem na reconstrução de peças do Museu Nacional

Completou ontem (02/09) um ano do incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. A instituição científica mais antiga do País, que reunia uma das mais importantes coleções da América Latina, foi destruída pelas chamas naquela que foi considerada a maior tragédia museológica do Brasil. O incêndio aconteceu justamente no ano em que o Museu comemorava 200 anos de existência.

Um inusitado encontro entre o passado e a tecnologia, a saúde e a cultura, trouxe esperança para aqueles que valorizam a história. Imagens digitalizadas em 3D, realizadas na CDPI, clínica da Dasa – líder brasileira em medicina diagnóstica –, foram utilizadas para a reconstrução virtual e física de peças do Museu, entre elas o crânio da Luzia, fóssil com mais de 11 mil anos que retrata a mulher mais antiga da América que se tem conhecimento.

Pesquisadores da PUC-RJ utilizaram as tomografias realizadas na CDPI, antes do incêndio, e desenvolveram técnica de 3D por meio das cinzas do Museu Nacional para reconstruir parte do acervo. Segundo os especialistas, antes de aplicar as cinzas na produção de peças, foram adicionados carvão e madeira queimada comum à resina para impressora 3D. Para arqueólogos, a inovação abre possibilidades para a recuperação de fósseis.

O presidente do Conselho da Dasa, Romeu Domingues, ressalta que a CDPI realizou mais de 300 tomografias, como por exemplo do crânio Luzia, fósseis de dinossauros, gatos mumificados e múmias egípcias. “O investimento da Dasa neste projeto foi em torno de R$ 1 milhão, e fizemos isso para preservar a história e cultura por meio das tomografias que aliadas a exames 3D dão precisão, profundidade e realidade às imagens. Entendemos que vale ir além da medicina, como nesse projeto que privilegia tanto a cultura do nosso país e contribui para um marco do Rio de Janeiro, o Museu Nacional”, reforça.

O médico ginecologista, obstetra e especialista em medicina fetal da Dasa, Heron Werner, que participou deste projeto e já tem três livros sobre o tema, explica que na CDPI, o estudo começou com o radiologista da Dasa, Iugiro Kuroki. Segundo ele, as primeiras tomografias foram feitas em hospitais do Exército, mas as imagens tinham baixa qualidade. “Com equipamentos de ponta, a CDPI passou a participar deste processo, que no início tinha o intuito de gerar imagens digitalizadas para arquivo, sem imaginar que um dia todo esse trabalho iria contribuir para salvar parte da nossa história”, acrescenta.

Médicos e técnicos de radiologia trabalharam junto com paleontólogos, arqueólogos, pesquisadores e designers. “Foi um trabalho de muita precisão, desde o transporte das peças até a CDPI e principalmente durante a realização das tomografias. Algumas peças, como por exemplo, múmias, precisavam de muito cuidado no manuseio para evitar qualquer tipo de dano”, explica Heron.

Com a tecnologia, foi possível reproduzir cópias idênticas às peças que foram destruídas no incêndio e, como consequência disso, as próximas gerações poderão conhecer e vivenciar importantes momentos da nossa história. “Não há registro, no Brasil, de outra empresa de medicina diagnóstica que tenha realizado algo semelhante com peças históricas cujo objetivo era criar um arquivo digital”, completa Romeu Domingues.

Livro “Seen / Unseen”

No dia 2 de setembro o médico da Dasa, Heron Werner, em parceria com o professor Jorge Lopes, designer do Instituto Nacional de Tecnologia – INT e chefe do Laboratório NEXT da PUC-Rio e o professor Sérgio Azevedo, pesquisador e diretor do Museu à época, lançou o livro “Seen / Unseen” – Visível / Invisível, se traduzido para o português. Este exemplar reúne imagens inéditas das peças que foram digitalizadas na CDPI e reconstruídas por meio da impressão em 3D.

O exemplar é resultado de pesquisas em universidades, museus, institutos e empresas que investem na área de pesquisa no Brasil e no exterior, onde o uso das tecnologias 3D tem papel fundamental na visualização e materialização. Os trabalhos apresentados na obra abrangem diversas áreas da ciência, que vão desde a saúde – em projetos de medicina e biologia -, passando pela área humana – nas artes, arqueologia e paleontologia -, até as áreas de exatas, como engenharia e matemática. A obra enfatiza o modelo de ensino integrado “STEAM”, iniciais das palavras em inglês: Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. Esse movimento propõe a integração entre as cinco áreas, explorando aspectos como a inovação, a criatividade e a colaboração multidisciplinar.

O lançamento aconteceu ontem, 2 de setembro, na livraria Travessa, no Shopping Leblon.


Fotos: Museu Nacional UFRJ.

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