Hospitais devem oferecer leito privado às mães que abortaram
Não há dados no Brasil, mas especialistas estimam que 15% das gestações de mulheres com idade até 35 anos terminam em abortos espontâneos (segundo estudo do Postgraduate Medical Journal).
Para amenizar o sofrimento nesses momentos, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados aprovou um projeto que obriga hospitais públicos e privados a oferecerem leito separado na maternidade para mães que tenham sofrido aborto espontâneo, seja no caso de a criança ter nascido morta ou ter morrido durante o parto.
Além disso, a proposta prevê que seja oferecido tratamento psicológico para os pais que passem por essas situações. A ideia da autora do projeto, deputada Flávia Morais, do PDT de Goiás, é amenizar a dor do luto para essas mães e pais. Para a deputada, ter um local separado das outras mães é garantir a privacidade da mulher neste momento difícil.
“É um momento de luto pra ela, é um momento difícil e elas vão poder estar mais reservadas, né, vivendo esse luto e podendo se recuperar melhor desse sentimento que ela tem nesse momento da sua vida”.
As medidas serão acrescentadas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90). Para a deputada Flávia Morais, o projeto deve ser aprovado facilmente pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça.
“É um entendimento consensual de que é uma necessidade, uma demanda importante. Eu acredito que ele não terá dificuldade de ser aprovado em outras comissões”.
A relatora da proposta, deputada Érika Kokay, do PT do Distrito Federal, afirmou que o projeto cumpre um papel fundamental: promover condições para o acolhimento à mulher num momento da vida extremamente delicado e de intenso sofrimento. Para ela, a intenção é que mulheres não sejam obrigadas a dividir a mesma enfermaria com mães de bebês saudáveis.
“Respeitar o luto e propiciar recursos para enfrentá-lo são atitudes indispensáveis em momentos como esse. Pequenos cuidados, pequenas delicadezas, podem ter repercussões importantes em momentos de trauma e sofrimento”.
O projeto que obriga os hospitais a oferecerem leito privado para mães que tenham sofrido aborto espontâneo segue agora para a Comissão de Seguridade Social e Família.