Setembro Amarelo: acolher a diversidade para abraçar a vida

Por Ines Hungerbühler

Apesar de ser um tema delicado, o cenário nacional se pinta de amarelo para uma causa crucial: a conscientização e prevenção ao suicídio durante o mês de Setembro.

A maioria dos casos de suicídio estão diretamente associados a um sofrimento emocional ou mental. E não faltam dados que ilustram esse cenário de saúde mental desolador: o Brasil é o país mais ansioso do mundo, o quinto em casos de depressão e o segundo em síndrome de burnout, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do International Stress Management Association (ISMA-BR).

No ambiente corporativo, a realidade não é diferente. Há uma alta incidência de transtornos mentais entre profissionais brasileiros, segundo a pesquisa “Como as empresas cuidam da saúde mental dos seus funcionários?”, realizada pela Talenses Group e pela Vitalk, com apoio da Impulseup, FGV e Gympass. Outro estudo, o Panorama do Bem-Estar Corporativo 2022, realizado pelo Gympass, revelou que 48% dos colaboradores relataram um declínio do bem-estar em 2022. Além disso, o nível de estresse entre os colaboradores nunca esteve tão alto, sendo que 60% se sentem emocionalmente desconectados do trabalho, como aponta a pesquisa “Global Workplace”, da Gallup.

O Setembro Amarelo, iniciado no Brasil em 2015, busca desmistificar o tabu que envolvem temas como o suicídio e a saúde mental e promover uma compreensão mais profunda das formas de prevenção. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas tiram suas próprias vidas a cada ano, e o Brasil registra uma média de 32 suicídios por dia, com 77% desses casos envolvendo homens.

Dentro das organizações, abordar esse tema pode ser desafiador, mas é fundamental falar sobre o assunto. A discriminação e o preconceito, incluindo a homofobia, transfobia, racismo, misoginia, etarismo, capacitismo e xenofobia, também desempenham um papel significativo em reduzir o risco de suicídio e promover uma ambiente corporativo saudável. Pois – como consequência de exclusão e discriminação – pessoas de grupos minorizados ou vulneráveis têm um risco maior de enfrentar problemas de saúde mental e consequentemente, de serem vítimas de suicídio.

Pesquisas mostram que dentro da comunidade LGBTQIAPN+, os indivíduos podem ser até seis vezes mais propensos a lidar com problemas de saúde mental quando trabalham em ambientes hostis à sua orientação sexual ou identidade de gênero, conforme relatado pela revista científica americana Pediatrics. Além disso, um estudo colaborativo do Ministério da Saúde e da Universidade de Brasília destacou um risco 45% maior de suicídio entre a população negra em comparação com seus colegas brancos no contexto corporativo.

Criar uma cultura corporativa inclusiva e diversificada é fundamental para ajudar a prevenir casos de suicídio. Ao reconhecer e apoiar as diferentes identidades, experiências, realidades e desafios enfrentados pelos membros da equipe, as empresas podem desenvolver ambientes mais saudáveis, acolhedores e produtivos, assim promovendo mais equidade, pertencimento e inclusão.

Outras realizações incluem investir em ações de promoção da saúde mental de forma contínua, entre elas os benefícios de bem-estar corporativo. Mais do que dar ênfase para campanhas como o Setembro Amarelo, as empresas podem incentivar conversas sobre saúde mental no local de trabalho e manter as ações de comunicação ao longo do ano para tratar sobre o tema.

Tão importante quanto os recursos internos, é fundamental que as empresas forneçam informações sobre serviços externos de apoio emocional e prevenção ao suicídio, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece suporte 24 horas por dia, de forma gratuita e sigilosa pelo número 188. Também há atendimento nas unidades do CAPS, UBS, UPA 24h e SAMU pelo número 192.

As empresas podem desempenhar um papel crucial na promoção da saúde mental de seus colaboradores e na redução do estigma em torno deste tema delicado, além de acolher a diversidade para ajudar a criar um ambiente de trabalho cada vez mais inclusivo e psicologicamente seguro para todos os colaboradores. Investir em uma cultura organizacional saudável e acolhedora traz benefícios tangíveis para a produtividade, o engajamento e a satisfação de toda a equipe, assim como a melhora na qualidade de vida de todos os colaboradores.


*Ines Hungerbühler é psicóloga, PhD e líder do time clínico do Wellz by Gympass.

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