Novas diretrizes definem contribuição da ressonância magnética e da tomografia cardíacas para a prática clínica
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em conjunto com o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), lançou a Diretriz de Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética Cardiovascular 2024, uma das poucas diretrizes brasileiras feitas por duas sociedades em conjunto. A atualização é um marco no uso de métodos de imagem no diagnóstico e tratamento de doenças cardiovasculares, responsável por 28% das mortes no Brasil entre 2010 e 2019. A nova diretriz reflete as evidências científicas mais recentes, consolidando o papel das imagens como ferramentas indispensáveis no manejo clínico, em especial o desempenho da angiotomografia, que passou a ser o exame de primeira escolha para o diagnóstico não invasivo (sem cateterismo) de pacientes sintomáticos de risco baixo a intermediário ou de pacientes assintomáticos de risco muito alto.
As diretrizes também destacam como a tomografia pode contribuir no sentido de esclarecer dúvidas resultantes de outros exames não invasivos, bem como para avaliar pacientes submetidos a cirurgia cardíaca ou implante de stents. “Nos casos de avaliação de artérias coronárias por tomografia, a diretriz mostrou que o exame é o que apresenta a melhor relação custo-benefício nesses pacientes”, conta o cardiologista Ibraim Masciarelli Francisco Pinto, consultor médico do Grupo Fleury e colaborador do novo documento.
No que diz respeito à personalização de tratamento, a ressonância magnética é recomendada como padrão-ouro na avaliação de viabilidade miocárdica e no diagnóstico de cardiomiopatias, cuja causa não seja descoberta por outros exames, como a eco cardiografia. Em algumas condições, como a amiloidose, ela passou a ser indicada também para o acompanhamento do tratamento, enquanto para cardiopatias estruturais o documento elege a tomografia para o planejamento de procedimentos menos invasivos, como implantes de válvula aórtica. “Com esses recursos recomendados na diretriz conseguimos determinar com maior precisão quais intervenções oferecem o melhor prognóstico para os pacientes”, considera Masciarelli.
Além de otimizar a conduta médica, as recomendações têm o potencial de reduzir custos ao evitar exames desnecessários e promover diagnósticos mais rápidos e precisos. E, ainda, a diretriz sugere formas mais efetivas de realizar exames usando o mínimo de radiação – no caso da tomografia – e de contraste, tanto no caso da tomografia como no da ressonância. O documento recomenda também que algumas das aplicações anteriormente feitas apenas pela ressonância, como as pesquisas de cicatrizes no músculo do coração e a de irrigação cardíaca, possam ser feitas até pela tomografia, o que pode agilizar o diagnóstico dos pacientes.
Para o cardiologista, esses exames estão redefinindo o cuidado cardiovascular, permitindo diagnósticos mais confiáveis com menos riscos aos clientes. “O planejamento de procedimentos é fundamental. Por exemplo, a tomografia, seja para o tratamento da valva aórtica como da valva mitral e até da tricúspide, passou a ser um exame essencial para definir se o paciente deve ser tratado por meio da cirurgia convencional ou por meio de cateter e para planejar o tratamento, economizando recursos e reduzindo o tempo de internação” explica o especialista.
A diretriz também contou com a expertise dos consultores médicos radiologistas do Grupo Fleury Andrei Skromov Albuquerque, Gilberto Szarf e Paulo Savoia Dias da Silva, que contribuíram para garantir que o documento traduzisse os melhores padrões internacionais de cuidado.