mHealth: O papel dos celulares na luta contra o câncer
Durante a pandemia, dado o isolamento social e a dedicação das estruturas de saúde ao combate à Covid-19, houve uma queda muito grande no número de exames de rotina que podem levar à detecção precoce de câncer. Essa situação levou o National Cancer Institute dos Estados Unidos a afirmar que isso gerará dez mil mortes adicionais pela doença nos próximos dez anos.
Exceto casos agudos de desinformação, poucas pessoas hoje associam o uso do celular ao desenvolvimento de câncer. Mas, ao contrário do que pensam os desinformados, os celulares podem ajudar a enfrentar o mal, inicialmente ajudando a detectar melanomas e outros tipos de câncer de pele. Foi lançado o aplicativo Miiskin, com versões Android e iOS que, com o uso de Inteligência Artificial e Realidade Aumentada, pode acompanhar a evolução de manchas, sardas e alterações na pele, através de fotos feitas periodicamente pelo celular.
Isso é importante porque, nos Estados Unidos, 20% da população desenvolve esse tipo de câncer, com maior ou menor gravidade. Em nosso país, com mais exposição ao sol, os números provavelmente devem ser maiores.
Não se pretende que o aplicativo leve as pessoas a deixarem de visitar dermatologistas, mas sim que alterações de porte e repentinas na pele indiquem a necessidade de visita urgente ao médico, bem como, quando das visitas regulares, informem-no das alterações acontecidas ao longo do tempo.
O aplicativo tem uma versão gratuita que permite acompanhar três pontos do corpo, bem como uma versão paga (5 dólares/mês) que permite uso ilimitado.
Este é mais um produto do que vem sendo chamado mobile health (mHealth) e que pode gerar aplicativos que, através de fotos, possam ajudar a detectar febre, anemia, diabetes, Alzheimer e Covid-19.
São boas notícias que, esperamos, sejam confirmadas.
*Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.