Internações por 3 tipos de câncer custaram R$ 620 mil em 2024

O câncer, cuja conscientização é reforçada em 8 de abril (Dia Mundial de Luta Contra o Câncer), continua sendo uma das principais causas de mortalidade no mundo. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que mais de 600 mil novos casos serão registrados apenas neste ano. O alto número impacta diretamente a saúde pública, sobrecarregando hospitais e elevando os custos com tratamento. Pesquisa baseada em dados da Planisa, DRG Brasil, KPIH e IAG Saúde, analisou os três tipos de câncer mais incidentes no país (de pele não melanoma, mama e próstata) e apurou que, em 2024, as internações custaram R$ 620 milhões ao sistema de saúde.

O levantamento analisou 392 hospitais em 2020, período da pandemia (sendo 39% SUS e 61% privados) e 671 instituições em 2024 (56% SUS e 44% privados), com a região Sudeste concentrando 67,4% das entidades analisadas no ano passado.

Em 2024, o câncer de próstata foi responsável pelo maior custo com internações, totalizando R$ 324,6 milhões. A permanência média hospitalar caiu de 3,7 dias em 2020 para 3,3 dias no ano passado, refletindo ganhos na eficiência hospitalar. No SUS, a permanência diminuiu de 4,4 para 3,8 dias, enquanto na saúde suplementar caiu de 3,8 para 2,5 dias.

“Embora o custo mediano da diária no SUS seja menor (R$ 974,60), o custo total por paciente internado foi inferior na saúde suplementar. Em 2020, em pacientes internados com câncer de próstata esse custo foi de R$ 4.114 na saúde suplementar e R$ 4.329 no SUS; em 2024, caiu para R$ 3.214 e R$ 3.658 respectivamente. A principal razão para essa diferença foi o tempo de internação mais curto na rede privada, que ajudou a reduzir os custos totais, a eficiência no uso do leito hospitalar é a principal justificativa do custo de internação explica o diretor de Serviços da Planisa e especialista em custos hospitalares, Marcelo Tadeu Carnielo.

As internações por câncer de mama custaram R$ 234 milhões em 2024. No SUS, a permanência hospitalar passou de 2,6 dias (2020), para 2,1 dias (2024), e na saúde suplementar, de 1,8 dias para 1,5 dias. “Apesar da diária do SUS ser menor (R$ 974,60), o custo total por paciente foi novamente inferior na saúde suplementar: R$ 2.314 (2020) e R$ 1.928 (2024), contra R$ 2.564 e R$ 2.078 no SUS. Maior giro de leitos é igual a menor custo por paciente”, analisa Carnielo.

A pesquisa também identificou que o câncer de pele não melanoma foi responsável pelo menor custo entre os três tipos analisados, somando R$ 61,7 milhões no ano passado. O tempo de internação geral no período analisado (2020 e 2024), permaneceu estável em 0,8 dia, com 0,9 dia e 0,6 dia no SUS e saúde suplementar respectivamente.

Recomendações

No período analisado (2020-2024), o levantamento apontou crescimento nas internações por câncer de mama (19%), próstata (48%) e pele (57%). Carnielo ressalta que é essencial compreender as razões por trás do aumento das internações. “Esse crescimento pode estar relacionado à maior incidência de doenças, à ampliação do acesso à saúde ou até mesmo às mudanças demográficas, como o envelhecimento da população. Além disso, os custos hospitalares não podem ser avaliados apenas pelo número de internações, mas também pelo impacto da complexidade dos tratamentos”, diz. “O uso de medicamentos de alto custo e tecnologias avançadas tem impacto significativo nos custos e demanda uma análise aprofundada. Este artigo não abordou os custos elevados relacionados aos tratamentos ambulatoriais oncológicos, tais como quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, hormonioterapia, procedimentos ambulatoriais, cuidados paliativos, acompanhamento clínico e suporte multidisciplinar”, completa.

Outro fator importante apontado pelo especialista é a diferença regional na prestação de serviços. “Enquanto algumas regiões conseguem otimizar recursos e oferecer um atendimento mais eficiente, outras enfrentam dificuldades estruturais e menor acesso à assistência. Essa desigualdade reforça a necessidade de um planejamento mais preciso, que considere tanto os dados populacionais quanto a infraestrutura disponível”, comenta.

Fatores por trás dos achados

Para o diretor de Serviços da Planisa, a adoção de protocolos clínicos padronizados, a integração entre serviços assistenciais, a detecção precoce do câncer e o uso estratégico de ferramentas de gestão têm sido fundamentais para reduzir o tempo de internação e aumentar a eficiência do sistema. “Paralelamente, a migração para terapias ambulatoriais tem permitido um cuidado mais eficiente, especialmente na oncologia, reduzindo a necessidade de internações prolongadas”, afirma.

Outro aspecto fundamental, na visão de Carnielo, é a adoção de modelos assistenciais baseados em valor, que colocam o foco nos desfechos clínicos e promovem o uso mais racional dos recursos, evitando desperdícios e garantindo um melhor retorno sobre os investimentos em saúde. “No entanto, não podemos ignorar as desigualdades estruturais do SUS. As limitações de acesso prolongam internações desnecessárias e aumentam os custos, o que reforça a importância de fortalecer a atenção primária e ampliar a oferta de serviços intermediários”, salienta.

Com relação à saúde suplementar, ele ressalta que o setor tem desempenhado um papel importante, pois possui maior capacidade de resposta, acesso a tecnologias e equipes altamente qualificadas, o que impacta diretamente nos resultados assistenciais. Além disso, a evolução na codificação de procedimentos e no uso da informação tem possibilitado intervenções mais precoces e a correção de jornadas ineficientes, tornando o atendimento mais resolutivo.

“Por fim, é inegável que a pandemia trouxe impactos significativos. A partir de 2021, houve uma aceleração na busca por eficiência e uma transformação digital expressiva no setor, com a telemedicina, o monitoramento remoto e a digitalização dos serviços de saúde se tornando cada vez mais presentes. Esses avanços contribuem para a sustentabilidade do sistema e mostram que há caminhos para tornar o atendimento mais acessível e eficaz”, conclui.

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