A atenção domiciliar e o futuro do sistema de saúde depois da pandemia

Por Hyran Godinho

Dias atrás, um antigo colega da Faculdade de Medicina operou em apenas uma semana quatro casos de apendicite grau quatro. Há muito tempo ninguém da minha turma havia feito tantas cirurgias de apêndice neste nível tão grave que pode levar à morte. Antes da pandemia, quando alguém sentia uma dor ia ao pronto-socorro. Agora, nem pensar. De um lado, porque os hospitais estão lotados. De outro, porque ninguém quer se expor ao novo coronavírus.

A saturação do sistema de saúde e o receio da contaminação estão levando as pessoas a adiar consultas médicas e exames que podem levar ao diagnóstico precoce e ao tratamento. Mesmo pacientes com diabetes, hipertensão e outras doenças crônicas evitam fazer acompanhamento médico. A demora na busca por ajuda especializada está causando uma demanda represada que terá de ser atendida após a pandemia, o que continuará sobrecarregando hospitais e clínicas.

Parte do problema poderia ser resolvido se os pacientes usassem com mais frequência a atenção domiciliar, o home care. A modalidade envolve uma gama enorme de atendimentos de várias enfermidades. São desde procedimentos simples – como a troca de curativos – até os mais complexos como internações domiciliares, cuidados paliativos e tratamentos oncológicos e de diálise. Profissionais treinados trabalham na casa do paciente, criando laços de parceria e confiança com a família.

Com a pandemia, a atenção domiciliar ganhou musculatura por contribuir para manter as pessoas em casa, diminuir a propagação do vírus, desafogar hospitais e aliviar o sistema de saúde.

O o setor cresceu 35% desde março de 2020, de acordo com o Núcleo Nacional das Empresas de Serviço de Atenção Domiciliar (NEAD). Existem empresas que já superaram este porcentual. Pioneira do setor de home care no Brasil, a Pronep Life Care – marca do grupo Sodexo – registrou um aumento de 36% no número de pacientes atendidos em 2020, se comparado a 2019. E nos primeiros dois meses de 2021 houve um crescimento de 12% sobre o mesmo período de 2020.

A crise sanitária acentuou a curva ascendente do setor como mostra o censo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), a pedido do NEAD. Em dezembro de 2019 havia 830 estabelecimentos, 22,8% a mais do que os 676 contabilizados em junho de 2018. O setor atendeu em 2019 mais de 292 mil pacientes, num total de 29 milhões de diárias. Caso o segmento encerrasse seus serviços, seria preciso criar por ano 20.763 leitos hospitalares para os atendimentos que hoje são supridos pela atenção domiciliar.

A tendência da atenção domiciliar é de expansão, tendo em vista o envelhecimento acelerado da população. Hoje o Brasil possui 28 milhões de idosos – 13% da população. Os especialistas esperam que este número dobre nos próximos anos, o que resultará no aumento da prevalência das doenças crônicas. A atenção domiciliar é uma alternativa para que os pacientes tenham cuidados médicos dentro de casa, com o apoio dos familiares e as melhores práticas de saúde.


*Hyran Godinho é CEO da Pronep Life Care, marca do Grupo Sodexo.

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