Fatores sociais negativos impactam a saúde das pessoas
Os brasileiros acreditam que os fatores sociais negativos vivenciados por eles afetam a sua saúde como um todo, seja ela física, mental, social e da comunidade onde estão inseridos, aponta o Relatório Especial Edelman Trust Barometer 2023: Confiança e Saúde. A inflação (85%), a polarização (80%) e a desinformação (80%) estão entre os fatores que encabeçam a lista desses “males sociais que te adoecem”, segundo os respondentes do Brasil no estudo global. Conduzido em 13 países (África do Sul, Alemanha, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, EUA, França, Índia, Japão, México, Nigéria e Reino Unido), a pesquisa global que estuda as mudanças no cenário da saúde teve trabalho de campo realizada entre 2 e 13 de março, de 2023, com cerca de 1 mil entrevistados por mercado.
Inclusive, o entendimento dos entrevistados no Brasil sobre “ser saudável”, que segue tendência global, se revela amplo, com 84% dos entrevistados dizendo que saúde física, mental, social e a qualidade de vida das comunidades em que vivem fazem parte de “ser saudável”. “Durante a pandemia, falou-se muito sobre saúde mental e essas conversas tendem a ajudar na desconstrução de tabus. Entender a saúde e o bem-estar de uma maneira holística faz com que as pessoas se cuidem mais e busquem mais ajuda”, comenta Ana Carbonieri, diretora do núcleo de saúde da Edelman Brasil.
Ainda na seara social, a pesquisa evidencia a desigualdade no acesso à saúde no Brasil e como a renda e o acesso à informação – ou, neste caso, a falta dela – afetam as pessoas em suas jornadas rumo a uma vida saudável. Brasileiros de baixa renda (40%) estão 18 pontos menos propensos do que os de alta renda (58%) a relatar que a sua “saúde está muito boa ou melhor”. A dificuldade em se cuidar, inclusive, atinge boa parte da população, com 84% dos entrevistados afirmando que há uma lacuna entre a forma como estão cuidando de sua saúde e a forma como deveriam estar, e 54% afirmando que essa lacuna é moderada ou extremamente grande. Alto custo e desinformação na saúde aparecem como as principais barreiras para reverter esse quadro. Sessenta por cento dos entrevistados no Brasil, que dizem que há uma lacuna, afirmam que o alto custo das boas opções de assistência médica é uma grande barreira para fechar essa brecha entre o quanto estão cuidando de sua saúde e o quanto deveriam estar, e 46% dizem que questões de conhecimento, como falta de informação e mudanças ou orientações contraditórias de especialistas, são uma barreira.
Para além da falta de informação, a desinformação na saúde é um ponto de atenção. Setenta e quatro por cento dos brasileiros confiam mais em seus pares (familiares, amigos, colegas) para falar a verdade sobre assuntos de saúde – número superior à confiança em autoridades sanitárias nacionais (63%) ou globais (62%). Nesse contexto, enquanto os brasileiros estão 8x mais propensos a buscarem informações sobre questões de saúde agora do que antes do início da pandemia, mais de 1/3 dos entrevistados com idades entre 18 e 34 anos acreditam que uma pessoa comum, que pesquisou por conta própria, sabe tanto quanto médicos sobre a maioria das questões de saúde.
“As pessoas estão em busca de informação e cabe às instituições, do Governo à Mídia, das ONGs às Empresas, cada uma, fazer a sua parte para recuperar a confiança da população por meio de informações seguras e cientificamente comprovadas”, diz Ana Carbonieri. “A comunicação em saúde tem um papel fundamental na geração de awareness sobre as doenças, prevenção e tratamentos, que é poderosíssima na construção de sociedades saudáveis, seja fisicamente, seja mentalmente”, completa Ana.
A expectativa das pessoas é de que todas as instituições (Governo, Empresas, Mídia e ONGs) desempenhem um papel significativo na construção de confiança na Saúde. No entanto, “Meu empregador” é o mais bem avaliado quando se trata de “garantir que eu seja o mais saudável possível”. Empresas e ONGs também são classificadas como tendo um bom desempenho nesse quesito pela maioria, enquanto o Governo e a Mídia são classificados como ‘tendo um bom desempenho’ nesse quesito por menos da metade dos brasileiros.
“Com uma percepção abrangente do que é saúde e dos fatores que a influenciam, é preciso que empresas busquem parcerias e criem soluções. É papel de todos investir para que não só as pessoas se sintam mais interessadas em se informar sobre o assunto, mas para que voltem a confiar nos atores que são autoridades em saúde”, finaliza Ana Carbonieri.