Cientistas criam primeiro embrião sintético a partir de células-tronco de camundongos

Formado quando o óvulo é fecundado pelo espermatozoide, o embrião é o grupo de células que dá origem aos humanos. Então, pensar na possibilidade da criação sintética dessa estrutura primordial para o desenvolvimento da vida humana, sem a necessidade de gametas ou fertilização, pode parecer algo saído diretamente do mais mirabolante dos filmes de ficção cientifica. Devido ao trabalho decenal dos pesquisadores israelenses do Weizmann Institute, que, conforme relatado em artigo publicado em agosto no periódico científico Cell, criaram o primeiro embrião sintético do mundo. “Os cientistas descobriram que células-tronco de camundongos podem se agrupar em estruturas semelhantes a embriões, apresentando, inclusive, trato intestinal, coração pulsante e cérebro em estágios iniciais”, explica Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.

Por mais de uma semana, quase metade do tempo de gestação de um camundongo, as células-tronco foram estimuladas em um útero mecânico anteriormente utilizado pela mesma equipe de pesquisadores para crescer embriões naturais de camundongos fora do útero. Antes de serem colocadas na máquina, parte das células foram tratadas com químicos capazes de ativar programas genéticos para desenvolver tecidos extraembrionários como a placenta ou saco vitelino, enquanto outras foram deixadas intactas para desenvolverem os órgãos embrionários sem intervenção. Ao final, a maior parte das células-tronco falhou em se desenvolver adequadamente, mas cerca de 0.5% (50 em aproximadamente 10000) combinaram-se em pequenas esferas que, eventualmente, se transformaram em estruturas alongadas semelhantes a embriões. “Em comparação, os embriões sintéticos formados mostraram-se 95% iguais aos embriões naturais com relação ao perfil genético das células e a estrutura interna, com órgãos completamente funcionais até onde os cientistas puderam observar”, afirma o especialista em reprodução humana.

Apesar de ainda não possuírem a capacidade de se desenvolverem em camundongos, os embriões sintéticos podem, em curto prazo, contribuir para avançar significativamente no nosso entendimento de como órgãos e tecidos são formados durante o desenvolvimento de embriões naturais. “Além disso, eventualmente, a pesquisa poderá ajudar a reduzir as experimentações em animais e abrir caminho para uma nova fonte de células e tecidos para transplante em humanos”, destaca o médico. Para isso, o próximo desafio dos pesquisadores é entender como as células-tronco sabem como agir para se agrupar em órgãos.

Mesmo com o sucesso da pesquisa, embriões humanos sintéticos, no entanto, não são uma possibilidade imediata. “Sabemos muito mais sobre embriões de camundongos do que sabemos sobre embriões humanos. Além disso, as dificuldades de desenvolvimento apresentadas pelos embriões sintéticos de camundongos sugerem que traduzir essa descoberta para humanos ainda requer muito mais pesquisa. E não se trata somente dos obstáculos técnicos, mas também de barreiras regulatórias e éticas que precisam ser bem estudadas. A descoberta, porém, é um grande incentivo para regular a pesquisa e o uso de embriões sintéticos humanos, o que, eventualmente, poderá abrir um futuro de possibilidades inclusive para aqueles que não podem ter filhos por conta própria”, finaliza Fernando Prado.

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