Equidade: a importância de mudar o comportamento de homens e mulheres

Para celebrar os 50 anos de empresa e homenagear as mulheres da saúde, a Medtronic realizou no último 22/03 mais um evento da série “Elas na Medicina”. Ao todo são quatro eventos com a participação de médicas que se destacaram em áreas com maior atuação masculina. No terceiro episódio do evento, a temática foi “Apoio e união: a importância de estarmos juntas para salvar vidas”. O próximo evento, aberto ao público, ocorrerá em 29/03, das 19h às 20h, e abordará “O papel fundamental da mulher no futuro da Medicina”.

“As vezes as próprias mulheres não se ajudam. Tem a síndrome da abelha rainha como se uma só pudesse reinar na área de atuação. Temos que mudar não só a mente masculina, mas a feminina também”. A reflexão veio da Dra. Karin Anzolch, uma das maiores referências em urologia e vice-presidente da Sociedade de Urologia do Rio Grande do Sul, no evento que reuniu cerca de 100 participantes.

Reconhecida como a maior empresa de dispositivos e soluções médicas do mundo, a Medtronic selecionou um time de peso para mostrar o quão essencial é a presença feminina e o quanto isso impacta na mudança cultural e no crescimento dos funcionários. Além da Dra. Karin, nomes de referência na saúde como a Dra. Marcela da Cunha Sales, cirurgiã cardiovascular de Porto Alegre; a Dra. Vanessa de Holanda, especialista em neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia com subespecialidade em neurocirurgia funcional e distúrbios do movimento pela Universidade da Flórida (EUA) e a Dra. Maria Cristina Maya, professora associada de cirurgia geral na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, comandaram o evento.

Entre os pontos discutidos, elas falaram da importância de investir na própria capacitação para ser referência e inspirar mulheres, além da dificuldade que elas têm para acreditar no próprio potencial, quando comparada aos homens.

“Em uma análise publicada no periódico Neurosurgery Win de 2019 (Woman in Neurosurgy) foi identificada nas mulheres a síndrome do impostor, quando você não acreditar no quanto é capaz”, ponderou a Dra. Vanessa de Holanda. O termo refere-se a um padrão de comportamento no qual você duvida de suas realizações e tem um medo persistente de ser exposto como incompetente.

Ela ainda ressaltou o quanto isso é potencializado na mulher, no momento da faculdade em que ela está na transição da adolescência para a fase adulta. Ouvir frases como “essa profissão não é para mulher” pode gerar bloqueios para o resto da vida.

A moderadora e vice-presidente da World Courier AmerisourceBergen, empresa de logística para a saúde, Jaqueline Escotero, reforçou que infelizmente não é só na urologia ou na neurologia que isso acontece. “No mundo corporativo, isso também afeta as mulheres em posições de liderança. Eu participo de vários eventos nesse sentindo e temos que continuar buscando nosso espaço”, ponderou a executiva.

Também engajados com o mesmo propósito, o Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) criou a comissão de mulheres cirurgiãs para estimular a participação feminina nas cirurgias. “É aberta a todas as especialistas, não só na cirurgia geral. Quem quiser participar será muito bem-vinda. Neste ano criaremos o prêmio para cirurgiã de destaque que leva o nome da Dra. Angelita Gama, médica urologista com 84 anos, que venceu recentemente a Covid-19 e logo voltou ao trabalho”, contou a Dra. Maria Cristina, professora da Universidade do Rio de Janeiro.

Orgulhosa, tanto pela profissão quanto por ser mulher, a Dra. Marcela Cunha trabalha há 25 anos com residentes e afirma que nunca viu uma mulher desistir da profissão. “A mulher é extremamente perseverante na vida profissional”.

Questionada sobre como incluir mais mulheres na medicina, a Dra. Vanessa Holanda afirmou que acredita na equidade como um processo transformador e que empresas que investem nessa cultura se destacam no crescimento. Segundo a médica, há áreas que as mulheres dominam, por conta da empatia, comunicação e persistência. Para ela, ambos os gêneros se completam.

A Dra. Vanessa Holanda e a Dra. Marcela Cunha concordaram que as profissionais de saúde devem assumir o compromisso de inspirar novas médicas em áreas com maior participação masculina. Para isso, a capacitação é o caminho.

“Nós temos modelos e também nos tornamos modelos no futuro. Eu tenho residentes que entraram na área porque ouviram falar que eu opero. Temos que ser a inspiração para as novas mulheres e tentar passar o que temos de melhor. Nós temos essa responsabilidade”, concluiu a cirurgião cardiovascular.


*Confira a próxima data e convidadas do Elas na Medicina.

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