Depressão Perinatal e Baby-Blues: diagnóstico correto e precoce

Por Juliana Tfauni

Diferentemente do que se imaginava, a gestação não é fator protetivo para depressão. Ao longo da vida, esse problema tão sério e ainda banalizado, acomete mais mulheres do que homens. Estudos mostram que cerca de 10% a 15% das mulheres terão depressão na gestação, e 25% dos casos diagnosticados de depressão no pós-parto, tiveram início na gravidez.

Atualmente, e é importante dizer isso, o melhor termo que podemos utilizar para designar depressão pós-parto, é depressão perinatal, pois entendemos a perinatalidade com um conjunto que engloba o ciclo gravídico puerperal; planejamento reprodutivo (ou ausência dele), gestação, parto e pós-parto.

Entre os fatores de risco mais comuns para desencadear a depressão pós-parto são: episódios prévios de depressão, ausência de planejamento ou aceitação da gravidez, abortos anteriores/perdas gestacionais/lutos perinatais, violência obstétrica, conflito conjugal ou ausência de parceiro, gravidez de risco, idade materna precoce, histórico familiar de depressão e reprodução humana assistida.

É importante distinguirmos o baby-blues – que é uma condição de tristeza, caracterizado por uma labilidade emocional, choros imotivados, que se manifesta na mulher nos primeiros dias após o parto -, da depressão pós-parto propriamente dita.

O baby-blues é uma condição hormonal que acomete cerca de 50% a 85% das mães, e geralmente apresenta melhora gradual a partir da segunda, terceira semana e é (autolimitado). Um dado interessante que corrobora a discussão aqui é que, cerca de 10% a 20% das mulheres que têm baby-blues, podem ter diagnóstico de depressão pós-parto associado.

Para diferenciarmos as duas condições vamos pensar na durabilidade do quadro, no impacto dos sintomas e nos fatores de risco associados. Quem sofre com a depressão pós-parto sente irritabilidade, insônia, mudanças bruscas de humor, desinteresse social e pelo bebê, podendo chegar a pensamentos suicidas em relação a si próprio e ao filho.

Os estudos também apontam que, intervir oportunamente leva a ótimo prognóstico devido à plasticidade psíquica e epigenética característica dessa fase. Então, não tardem a buscar ajuda de um profissional especialista em saúde mental perinatal. Diagnóstico precoce leva a um bom prognóstico. Sabemos, hoje, que existem medicações seguras e que não causam problemas na gestação, além de serem compatíveis com o aleitamento.

Diagnóstico oportuno e precoce

Por que falamos muito sobre isso? Sem dúvida, ajuda a barrar uma cascata de desfechos desfavoráveis que pode ter impacto na saúde mental da mulher e na constituição do vínculo com o bebê. A família pode ajudar bastante, estando atenta aos fatores de risco e procurar ajuda se necessário. É importante dar apoio à mulher nessa fase tão desafiadora e, ao mesmo tempo, sensível, como ficar com o bebê para que ela possa descansar, tomar um banho demorado, oferecer a ajuda que ela permita, comida gostosa, louça lavada.

É importante também lidar com os próprios estigmas e tabus relacionados à saúde mental. O nascimento desse bebê que, por vezes é recebido pela família com muita alegria, pode encobrir o olhar para a tristeza materna. Essa condição é esperada por conta da montanha russa hormonal experimentada neste período, além do impacto emocional que a chegada de um filho traz e precisa ser legitimada.

Precisamos desconstruir imaginários socioculturais que colocam os cuidados maternos como algo natural e instintivo. Aprender a se amar com os bebês, cuidar deles no vínculo e na dança que se dá no puerpério e, que por muitas vezes é dançada de um jeito bem desengonçado, é desafiador, e tudo bem. Poder naturalizar o “não saber materno” ajuda as mulheres a se acolherem nestes primeiros contatos iniciais com o pequeno. Por outro lado, negligenciar o cuidado, pode ter consequências no futuro. É preciso olhar para quem está do nosso lado.


*Juliana Tfauni é responsável técnica, supervisora de saúde mental da Theia.

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