Atendimento integrado: estrutura faz diferença no tratamento
O modelo de atendimento em saúde tem passado por mudanças significativas nos últimos anos. Com a descentralização de serviços, muitos tratamentos que antes eram realizados em hospitais migraram para clínicas e centros especializados. Embora essa tendência tenha vantagens em alguns contextos, há uma questão essencial a ser debatida: a importância de um atendimento integrado, com toda a estrutura necessária reunida em um único local.
A fragmentação do cuidado pode trazer desafios para pacientes e profissionais. Quando diferentes etapas do tratamento ocorrem em locais distintos, há um maior risco de descontinuidade assistencial, dificuldades na comunicação entre equipes médicas e até impactos na segurança do paciente. Além disso, a necessidade de deslocamento entre unidades pode representar um obstáculo, especialmente para quem está lidando com condições de alta complexidade.
A importância da integração entre especialidades
Uma estrutura hospitalar que oferece todos os níveis de assistência em um só local — desde o pronto atendimento até a reabilitação — proporciona ganhos expressivos em eficiência e qualidade. Isso se torna ainda mais relevante em especialidades como cardiologia e oncologia, onde o tempo de resposta e a coordenação entre diferentes áreas impactam diretamente os resultados clínicos.
Na cardiologia, por exemplo, um paciente com suspeita de infarto precisa de acesso imediato a diagnóstico, exames, equipe especializada e eventuais procedimentos de emergência, como uma angioplastia primária. Se cada uma dessas etapas ocorre em locais distintos, há um risco maior de atrasos que podem comprometer a evolução do quadro.
No tratamento oncológico, a abordagem integrada também faz diferença. Um centro que reúne consultas, exames, cirurgia, internação, quimioterapia e cuidados paliativos em um mesmo espaço não apenas otimiza a jornada do paciente, mas também favorece o trabalho multidisciplinar. A troca constante de informações entre oncologistas, cirurgiões, radiologistas, hematologistas e equipes de suporte aumenta as chances de personalização do tratamento e melhora os desfechos terapêuticos.
Tecnologia e infraestrutura como pilares da segurança
Além da integração de especialidades, a infraestrutura hospitalar tem papel fundamental na qualidade do atendimento. Hospitais equipados com UTIs especializadas, centros cirúrgicos modernos e laboratórios de última geração garantem maior precisão nos diagnósticos e segurança nos procedimentos.
Na área da cardiologia, por exemplo, a presença de um laboratório de eletrofisiologia de alta complexidade permite intervenções minimamente invasivas para o tratamento de arritmias, reduzindo riscos e tempo de recuperação. Da mesma forma, uma UTI neurológica estruturada com protocolos alinhados a padrões internacionais é essencial para pacientes em recuperação de AVCs e outras condições neurológicas graves.
A incorporação de novas tecnologias também reforça essa tendência. A cirurgia robótica, que tem sido cada vez mais adotada em hospitais de referência, representa um avanço importante ao proporcionar procedimentos mais precisos, com menor tempo de internação e recuperação mais rápida.
Uma estratégia para o futuro da saúde
Diante da crescente complexidade do setor da saúde, o modelo de atendimento integrado se apresenta como uma solução eficiente para garantir qualidade, reduzir riscos e otimizar recursos. À medida que a medicina avança, a necessidade de coordenação entre equipes, especialidades e tecnologias se torna ainda mais evidente.
No Brasil, hospitais que investem nesse formato têm demonstrado que é possível equilibrar inovação, eficiência e segurança, promovendo melhores resultados para os pacientes. Mais do que um diferencial competitivo, a integração do atendimento deve ser vista como um pilar essencial para a sustentabilidade e evolução da assistência médica no país.
*Luiz Gonzaga Coelho é CEO do SOS Cárdio.