Comunicação em saúde: Não é mais possível subestimar o paciente

Por Erika Baruco

Quando falamos em comunicação em saúde temos um amplo aspecto a considerar, prevendo os diversos meios de atingimento de pacientes – partindo do seu atendimento direto por um médico ou profissional aliado -, e da população em geral – por meio de divulgações em diferentes formatos de mídias.

É notório que o desenvolvimento dos canais de comunicação na internet democratizou o acesso às informações sobre os mais variados temas em saúde, e ainda que se discuta a sua segurança, em grande parte elas somam para o melhor entendimento de pessoas sob suspeita de algum diagnóstico ou já em tratamento de doenças.

Diante deste caminho sem volta, em que cada vez mais médicos e serviços de saúde recebem pessoas munidas de questionamentos baseados em pesquisas na web, é importante preparar os profissionais, e isso envolve toda a gama atuante no contato direto com o paciente, sobre as novas dinâmicas de atendimento a este perfil de usuários.

Não é mais possível subestimar e negligenciar a informação que vem do leigo, em primeiro lugar por respeito e direito que deve estar no cerne de todo atendimento médico, mas também pelo diferencial competitivo que isso implica na escolha, adesão, seguimento e indicação de pacientes – e seus responsáveis – que usufruem de um serviço de saúde.

A relação médico-paciente e seus desdobramentos têm inicio, meio e fim na base comunicacional e no universo de possibilidades que se abrem a partir da relação direta durante os atendimentos e, a partir daí, de suas possibilidades de evoluções para a internet e suas redes sociais, seja para a busca ou compartilhamento de referências de profissionais e serviços.

E nesse contexto é importante destacar que para além de curiosos, é crescente o desenvolvimento de comunidades de pacientes, com engajamento e propósitos de mobilização de direitos indo de, e ao, encontro de indústrias e governos para melhores condições de acesso à medicamentos, dispositivos e procedimentos em geral.

A partir delas, os chamados e-pacientes compõem interfaces com médicos, executivos e políticos, e cumprem agendas importantes para o atendimento de seus interesses e que muitas vezes impulsionam medidas importantes para o desenvolvimento do segmento. Deixam de serem apenas usuários para se somarem aos protagonistas da saúde. Estar atento e integrado a esse movimento não é apenas questão de sobrevivência, mas condição essencial para a prosperidade.


Erika Baruco – jornalista, com especialização em comunicação corporativa, é diretora da Baruco Comunicação Estratégica, atuando há mais de 20 anos na gestão de comunicação de profissionais e instituições de saúde. Também é palestrante na disciplina de media training e gestão de crise comunicacional.

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