Radiologia intervencionista é opção efetiva e menos invasiva

Por Harley de Nicola

A medicina tem testemunhado avanços notáveis no campo da radiologia intervencionista. Essa abordagem inovadora tem revolucionado a forma como diversas doenças são diagnosticadas e tratadas, oferecendo opções menos invasivas do que as intervenções cirúrgicas tradicionais.

A radiologia intervencionista é uma especialidade médica que utiliza tecnologias de imagem avançadas, como tomografia computadorizada e ultrassom, para guiar procedimentos minimamente invasivos e terapêuticos. Diferente das cirurgias tradicionais, que envolvem incisões significativas, essa modalidade utiliza pequenas incisões para inserir cateteres, agulhas e drenos através da pele, resultando em menos trauma ao paciente e uma recuperação mais rápida.

Mesmo não muito difundida, a radiologia intervencionista já é uma realidade em nosso País, que está na vanguarda da especialidade a nível mundial. Na Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), pioneira na utilização de tecnologia, referência em diagnóstico por imagem e presente nos estados de São Paulo e Goiás e na cidade de Manaus (AM), a técnica foi usada aproximadamente 45 mil vezes desde 2018 em mais de 34 diferentes tipos de procedimento em 33 unidades da Fundação aumentando consideravelmente as chances de sucesso em tratamentos e diminuindo a necessidade, a complexidade e os riscos de intervenções cirúrgicas.

A prática desempenha um papel crucial no tratamento de alguns tipos de câncer. A ablação por radiofrequência é uma opção eficaz para destruir tumores em estágios iniciais. Em paciente oncológico, essa técnica guiada por imagem pode ser uma forma de “queimar” o tumor – com paciente somente sedado, sem a necessidade de anestesia geral.

Estudos comprovam que a radiologia intervencionista pode ser uma solução terapêutica efetiva, segura, menos invasiva e mais econômica que o procedimento cirúrgico para tratar doenças como câncer de fígado, malformações linfáticas, lesões pulmonares periféricas, entre outras.

Além disso, a radiologia intervencionista é utilizada para tratar condições como doenças hepáticas e renais. Conhecido como drenagem percutânea, o procedimento pode ser feito com pacientes que apresentem dificuldade em eliminar fluidos, como a urina. Com uma anestesia local, um dreno introduzido pela pele e guiado por ultrassom até o rim, pode-se diminuir o excesso de urina represada, normalizando a função do órgão.

A radiologia intervencionista frente às operações tradicionais proporciona diversas vantagens, principalmente por ser menos invasiva, por reduzir a dor, o risco de complicações e o tempo de recuperação do paciente. E os pacientes submetidos a procedimentos geralmente retornam às suas atividades normais mais rapidamente do que após cirurgias convencionais.

Muitos procedimentos podem ser realizados sob anestesia local ou sedação leve, evitando a necessidade de anestesia geral. A radiologia intervencionista exige pequenas incisões, o que reduz o risco de infecções e complicações pós-operatórias. Esse cenário é importante, preferencialmente, para pacientes idosos ou com condições de saúde delicadas que não são candidatos a cirurgias e podem se beneficiar da metodologia.

É o caso da necessidade de retirada de amostra de tumores localizados muito próximos de órgãos vitais para biopsia. Em alguns casos em que o paciente pode estar debilitado, passar por procedimentos invasivos pode piorar o quadro de saúde. A tecnologia é usada para, guiado por imagem, desviar desses órgãos e chegar com mais precisão no fragmento que se deseja extrair, preservando o acamado.

A radiologia intervencionista emerge como uma abordagem inovadora e eficaz no tratamento de uma ampla gama de doenças, oferecendo alternativas menos invasivas e mais seguras em comparação com as cirurgias convencionais. Sua capacidade de utilizar tecnologias de imagem para guiar procedimentos terapêuticos tem transformado a experiência do paciente e a maneira como os profissionais de saúde abordam condições médicas complexas, proporcionando uma nova esperança para pacientes e famílias enfrentando desafios de saúde significativos.


*Harley de Nicola é médico radiologista intervencionista e Superintendente Médico da FIDI – Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem.

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