Consultas de pré-natal caem 90% no Nordeste
O pré-natal é um monitoramento da saúde da gestante e do bebê, que deve ser feito desde o primeiro momento da descoberta da gravidez. No entanto, o número de mulheres que fazem essas consultas e exames caiu em todo o país nos últimos seis anos, tendo uma redução ainda maior nos estados da região Nordeste.
Os dados coletados pela Agência Tatu, junto ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), mostram que entre 2008 e 2021, o total de consultas pré-natal teve uma redução de 90,27% em todo o Nordeste. O número de nascimentos também apresentou uma diminuição, mas de apenas 27,02%, o que não explica a queda no número de exames.
Na região, havia uma média de 10 consultas por parto em 2008, ano em que se inicia a série histórica. O número oscila positivamente até atingir a máxima histórica em 2013, quando foram feitos 17 atendimentos em média para cada parto. A partir daí a média cai ano a ano, até atingir a menor proporção dos últimos 14 anos: em 2021 para cada parto realizado apenas uma consulta foi feita.
Situação pior em Alagoas
Em Alagoas, a queda no número de exames foi ainda maior, ocorrendo entre 2008 e 2021 uma redução de 98,46% na realização de consultas de pré-natal para uma queda de apenas 17,43% na quantidade de partos.
No estado, foram realizadas 6 consultas por parto, em média, no ano de 2008. Entre elevações e declínios, o estado atingiu o seu pico ao alcançar uma média de 18 consultas por parto no ano de 2015. Apesar disso, o índice começa a apresentar queda já no ano seguinte e a média segue caindo desde então.
De 2018 a 2021, o estado apresentou um número muito reduzido de consultas por parto, deixando a média bem inferior ao mínimo recomendado. Em 2020, Alagoas já registrava a proporção mais baixa dos últimos 14 anos, com 0,1 consultas por parto, ou seja, a cada 100 partos realizados foi feita apenas uma consulta.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da cidade de Maceió esclarece sobre a quantidade e frequência das consultas. “O total de consultas deverá ser de, no mínimo, seis, com acompanhamento intercalado entre médico e enfermeiro. Sempre que possível, as consultas devem ser realizadas conforme o seguinte cronograma: Até a 28ª semana – mensalmente; da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente; da 36ª até a 41ª semana – semanalmente”, informa.
De acordo com a SMS, ainda que tenha ocorrido redução das gestantes na procura por atendimento, o pré-natal se manteve disponível pela estratégia da Rede Cegonha e sem redução na oferta.
Brasil
A taxa média de consultas por parto no Brasil também apresentou redução, mas de forma menos acentuada que no Nordeste. Na série histórica analisada, de 2008 a 2021, houve uma redução de 74,46% para as consultas de pré-natal realizadas no Brasil.
A média de consultas pré-natal por parto era de 16 quando o país atingiu o seu maior número em 2014. Essa média se manteve estável e começou a cair somente em 2016, atingindo 11 consultas, em média, naquele e no ano seguinte.
A partir de 2019 a média chegou a 3 consultas por cada parto, metade do mínimo recomendado, permanecendo assim nos anos de 2020 e 2021.
Acompanhamento do Pré-natal
O Ministério da Saúde afirma que é de direito de todas as mulheres e bebês o acompanhamento, tratamento, auxílio médico humanizado, nascimento e crescimento saudável. Deve ser fornecido pelo serviço de saúde a solicitação de exames de rotina, o calendário de vacinas e o cartão da gestante, que irá conter todas as informações sobre a gravidez e informações complementares.
Muitos exames são oferecidos e solicitados através do acompanhamento pré-natal desde o momento em que a mulher suspeita da gravidez. De acordo com a SMS, o teste rápido de gravidez, teste de Coombs, exame parasitológico de fezes, dosagem de hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht) e grupo sanguíneo e fator Rh são somente alguns dos exames de rotina da gestante.