Brasileiros esperam cinco anos para acesso a terapias inovadoras

O Brasil tem um dos sistemas regulatórios mais eficientes da América Latina. No entanto, a lacuna entre a aprovação de medicamentos inovadores e sua disponibilidade real para os pacientes continua significativa. Essa foi uma das principais conclusões do evento ACESSO Brasil 2025, organizado pela FIFARMA e pela Interfarma, onde foram apresentados os resultados do estudo FIFARMA Patient W.A.I.T. Indicator 2025, desenvolvido pela IQVIA.

“O Brasil fez progressos significativos no processo regulatório, mas há uma necessidade urgente de traduzir esse progresso em disponibilidade real para os pacientes. Este estudo mostra que, embora muitos medicamentos sejam aprovados, eles não estão chegando a tempo àqueles que mais precisam deles”, explicou André Ballalai, Diretor Associado da IQVIA e coautor do estudo.

Medicamentos para câncer sofrem os maiores atrasos no acesso

Em sua quarta edição regional, ao estudo WAIT analisa o acesso a medicamentos inovadores em dez países da América Latina que representam mais de 80% da população da região. No caso específico do Brasil:

  • O país é líder em eficiência regulatória, com uma média de 2 anos entre a aprovação internacional (FDA/EMA) e a aprovação local.
  • No entanto, o tempo total para que os medicamentos sejam disponibilizados aos pacientes é de 5,3 anos, o que representa um aumento de 18% em relação ao ano anterior.
  • Essa diferença se deve, em grande parte, aos desafios estruturais e às mudanças nas políticas públicas, que levaram à reclassificação de muitos medicamentos para a categoria Aprovado, não disponível.
  • Além disso, o estudo mostra que os medicamentos oncológicos apresentam os maiores atrasos na disponibilidade, enquanto os medicamentos órfãos são os que atingem os tempos de incorporação mais rápidos.

Acesso não deve parar na aprovação

Durante o evento, foi destacado que o Brasil tem capacidade técnica e institucional para consolidar um sistema mais ágil, inclusivo e pronto para o futuro. Com uma infraestrutura técnica madura e um longo histórico na avaliação de tecnologias de saúde, o país pode reduzir a distância entre a aprovação e o acesso real, beneficiando diretamente milhões de pessoas.

“Este relatório não mostra apenas números. Por trás de cada ano de espera, há pacientes, famílias e vidas. Com o conhecimento e a capacidade que o Brasil possui, o próximo passo deve ser acelerar a disponibilidade efetiva de terapias inovadoras. O verdadeiro progresso ocorre quando a inovação, o acesso e o investimento são articulados com uma visão de longo prazo e em colaboração com todos os atores do sistema”, disse Yaneth Giha, diretora executiva da FIFARMA.

“O Patient W.A.I.T. Indicator 2025 escancara um paradoxo que enfrentamos há anos: apesar do Brasil ter avançado na frente regulatória, seguimos presos a barreiras estruturais que retardam a chegada de terapias inovadoras aos pacientes. É fundamental reavaliar o processo de incorporação e pós-incorporação, buscando soluções que priorizem quem mais precisa”, afirma Renato Porto, presidente-executivo da Interfarma.

Fifarma e Interfarma defendem inovação em saúde como uma realidade para todos

Em nível regional, o Patient W.A.I.T. Indicator 2025 revela uma realidade que não podemos ignorar: dos 403 medicamentos aprovados pela FDA e pela EMA entre 2018 e 2022, apenas 245 (61%) foram aprovados em qualquer país da América Latina. Outro dado alarmante: menos de 10% melhoraram sua disponibilidade no último ano, enquanto os 90% restantes continuam enfrentando as mesmas restrições de acesso.

Esse quadro reflete uma urgência compartilhada. Em um contexto em que a ciência está avançando rapidamente, os sistemas de saúde devem evoluir na mesma velocidade para não deixar ninguém para trás. A FIFARMA promove o uso de evidências sólidas para orientar as decisões de políticas públicas, identificar barreiras ao acesso ao tratamento e fortalecer sistemas de saúde mais equitativos, sustentáveis e centrados nas pessoas.

“Espaços como o ACESSO Brasil 2025 reúnem todos os principais atores para promover soluções reais. Transformar a inovação em saúde em benefícios tangíveis para as pessoas requer compromisso coletivo, visão de longo prazo e, acima de tudo, ação”, concluiu Yaneth Giha, diretora executiva da FIFARMA.

Com dados, diálogo e decisões estratégicas, a América Latina, e especialmente o Brasil, tem a oportunidade de fechar a lacuna entre inovação e acesso, e tornar o direito à saúde uma realidade para milhões de pessoas na região.

“Não basta aprovar, é preciso garantir o acesso. O futuro da saúde no Brasil depende de ações concretas que unam todos os atores do sistema em torno de um objetivo comum: transformar inovação em benefício real para a população”, conclui Renato Porto.

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