Exames genéticos podem reduzir custos no tratamento do câncer
Por Rafael Malagoli
No mês de conscientização sobre o câncer, é fundamental refletirmos sobre como a inovação tecnológica pode transformar o enfrentamento dessa doença que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. A medicina genômica tem se mostrado uma poderosa aliada na detecção precoce e no tratamento personalizado do câncer, proporcionando não apenas melhores desfechos clínicos, mas também uma significativa redução de custos para pacientes e sistemas de saúde.
Tradicionalmente, os cânceres são classificados e tratados com base no órgão de origem, como mama, pulmão ou próstata. No entanto, essa abordagem pode ser limitada, pois não considera as características moleculares específicas de cada tumor. Estudos recentes sugerem que classificar os cânceres apenas pela sua localização pode restringir o acesso dos pacientes a tratamentos mais eficazes que visam alterações moleculares específicas presentes em diferentes tipos de tumores.
Ao analisar a estrutura molecular dos tumores, os exames genéticos permitem identificar mutações que influenciam diretamente o desenvolvimento do câncer, possibilitando a escolha de terapias direcionadas e mais eficazes. Esse nível de precisão terapêutica não apenas aumenta as chances de sucesso no tratamento, mas também evita intervenções desnecessárias, reduzindo efeitos colaterais e o tempo de internação hospitalar.
Além disso, a detecção precoce proporcionada por esses exames amplia as possibilidades de cura e diminui a necessidade de tratamentos mais complexos e onerosos em estágios avançados da doença. Em um cenário onde os custos oncológicos continuam a crescer globalmente, a medicina personalizada surge como uma solução viável e sustentável.
A mudança de paradigma para a classificação molecular do câncer também está sendo impulsionada por diretrizes e regulamentações mais modernas. Agências reguladoras, sociedades científicas e companhias de seguros precisam definir melhor quais evidências pré-clínicas e clínicas são necessárias para determinar se — quando se trata de tratamento — uma alteração molecular específica deve ser priorizada em relação ao órgão no qual o câncer se originou.
Algumas sociedades científicas, como a ESMO (European Society for Medical Oncology), já estão desenvolvendo diretrizes para o uso de marcadores moleculares na escolha de terapias oncológicas. Nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration) está trabalhando para definir quando um medicamento pode ser aprovado com base em um marcador molecular, independentemente do órgão de origem do câncer. Essas iniciativas são fundamentais para acelerar a adoção de tratamentos personalizados e ampliar o acesso dos pacientes às terapias mais inovadoras.
Investir em exames genéticos é, acima de tudo, investir na saúde e no bem-estar dos pacientes. Ao possibilitar diagnósticos mais precisos e tratamentos direcionados, contribuímos para uma medicina mais assertiva e eficiente. Além disso, ao otimizar o uso de recursos e reduzir a necessidade de intervenções desnecessárias, promovemos uma economia significativa para o sistema de saúde.
Durante o mês que reforça a importância sobre a conscientização do câncer, reforçamos nosso compromisso com a inovação e a excelência no diagnóstico e tratamento oncológico. A genética é a chave para um futuro mais saudável, onde o câncer será enfrentado de forma mais precisa, eficiente e humana.
*Rafael Malagoli é CEO da Bioma Genetics.