Benner investe em integração clínica e operacional
Não é nenhum segredo que a indústria da saúde mudará ainda mais nos próximos anos. Entre as principais tendências estão inovações tecnológicas nas áreas de conectividade, inteligência artificial, big data e Internet das Coisas, que provocarão a disruptura dos modelos atuais. Nesse cenário, a conectividade assume papel fundamental na sustentação do novo modelo de serviços e é prioridade na agenda dos executivos da saúde. No setor, há dois tipos de conectividade: a clínica, voltada para conectar os pacientes às equipes médicas, e aquela orientada aos processos operacionais. A pergunta que fica é: como integrar todos esses novos sistemas e tecnologias?
Para facilitar cada vez mais a integração da operadora com os prestadores de serviços, a Benner tem buscado simplificar o funcionamento das empresas médicas por meio de prontuários eletrônicos, portais de relacionamento e saúde via conferência, entre outras inovações. Mas, segundo o CEO da companhia, Severino Benner, ainda há muito para se fazer.
A empresa, quarta em software de gestão do País, está entre as duas maiores nacionais no segmento de saúde. Com uma plataforma que permite integrar todos os processos clínicos aos operacionais, abrangendo atendimento, internação, centro cirúrgico, suprimentos, faturamento, financeiro e contábil, a empresa foi eleita, em pesquisa realizada pela revista Medicina S/A, uma das 25 empresas mais inovadoras da saúde de 2019.
Padronização
O executivo explica que há no mercado uma busca constante por padronização de tabelas e comunicações, o que possibilitaria um salto ainda maior no quesito conectividade. “Por exemplo, integrar os laboratórios às operadoras ainda é um desafio, devido ao grande volume de sistemas utilizados por essas empresas que ainda não são baseados em tecnologias de ponta, como microsserviços. Além disso, não existe uma padronização, mas uma integração para cada um dos sistemas utilizados”, ressalta.
Para Benner, houve uma grande evolução quando a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) criou o padrão TISS. Contudo, mesmo depois de cinco anos, ainda há prestadores com dificuldades para gerar dados nesse padrão. “O que também caminha a passos lentos é a integração de informações clínicas, como o prontuário eletrônico do paciente, exames etc. A falta de um prontuário único dificulta a gestão mais eficiente da saúde do usuário, que é fator fundamental para a redução do custo. Para tornar a gestão mais sustentável, a médio prazo, deveria haver mais colaboração entre a cadeia da saúde”.
O aumento dos custos da saúde tem se tornado uma grande dor de cabeça para os empresários que custeiam os planos para seus funcionários. Os valores têm aumentado três vezes acima do reajuste médio dos salários. Para o CEO da Benner, a falta de colaboração está gerando um movimento em que, a exemplo do que já vem acontecendo nos EUA, as empresas formam parcerias com grandes redes de hospitais e criam produtos personalizados para a atenção primária, como médico da família, PEP único, gestão compartilhada do sinistro e outros processos, eliminando os intermediários.
“Tenho certeza de que novos produtos irão surgir em breve e as operadoras precisam estar prontas para essa mudança. Se compararmos uma empresa de cartão de crédito a uma operadora que gerencia grandes massas de usuários, fica clara a diferença em relação ao uso de tecnologias. Enquanto a empresa de cartão de crédito tem o perfil de consumo de cada usuário, as operadoras de saúde ainda não têm o perfil do risco de forma automática e fácil”, explica.
Saúde Suplementar
Referência em BPO em Healthcare, a Benner atua em Inteligência de Negócios, Prevenção em Saúde, Gestão Operacional e Relacionamento Assistencial. Posicionada entre as 10 operadoras de saúde sem ser uma delas, a Benner administra em seus centros compartilhados de serviços 1,5 milhão de vidas em nome das operadoras, que transferem para a companhia os seus processos operacionais.
Entre os serviços, estão a regulação e segunda opinião, contas médicas, processamento contábil, avaliação de rede, programas de saúde, centrais de atendimento, tecnologia, data center, entre outros. “Todos os serviços são prestados com base em SLAs (níveis de serviços), que liberam as operadoras para as missões mais estratégicas dos seus negócios”, explica Severino Benner.
De acordo com o executivo, a tecnologia aplicada à saúde tem evoluído muito rápido, talvez de forma mais veloz do que as empresas e os profissionais da área estejam se adaptando. Por isso, há avanço de um lado e receio de outro.
Ponto fundamental é que o setor de tecnologia também passa por transformações importantes, em uma velocidade incrível. “A primeira é que tudo é visto como serviço, não se compram mais licenças. Ou seja, a tecnologia é consumida por assinaturas, em planos mensais. A Inteligência Artificial também veio para promover mudanças exponenciais para as empresas desenvolvedoras de software, pois vai exigir uma nova forma de se produzir tecnologia, pensada, agora, para interagir com outra tecnologia, e não com um ser humano. Os sistemas foram pensados para que pessoas introduzissem informações, mas o futuro nos mostra que a Inteligência Artificial vai ocupar tarefas operacionais, e isso muda completamente a usabilidade do sistema”, ressalta.
Outro ponto importante destacado pelo CEO da Benner será o boom das startups, que terão um papel fundamental ao criar tecnologias especialistas, capazes de revolucionar pequenos processos, que irão complementar as grandes plataformas tecnológicas.
“Os processos de negócios mudarão substancialmente nos próximos anos, o que ainda não sabemos é o limite dessa transformação. O que vai exigir dos desenvolvedores repensarem as suas plataformas para acompanhar esses novos cenários. Nossa estratégia está focada em expandir a presença geográfica e os novos serviços e plataformas para o segmento de saúde e compliance”, conclui.
Para 2019, a Benner projeta crescimento orgânico de 28%, atingindo um faturamento de R$ 330 milhões.