Projeto monitorará casos de câncer de próstata no Brasil
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que, por ano, 65.840 brasileiros irão desenvolver câncer de próstata até 20221 – o tipo mais comum entre a população masculina. Visando implementar uma diretriz de vigilância ativa para o monitoramento da doença no SUS, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), em parceria com o Ministério da Saúde, implantará o projeto VigiaSUS: Diagnóstico e tratamento do câncer de próstata no Brasil. A iniciativa será conduzida pelo Hospital Moinhos de Vento, que ficará responsável por monitorar casos de pacientes com câncer de próstata de baixo risco.
“A otimização e o direcionamento do tratamento conservador para os casos de menor ameaça liberam vagas a pacientes com doença mais grave e possibilita um tratamento mais ágil para os pacientes com outros tumores, como pulmão e mama, que têm maior tempo de espera para a realização de intervenções e, muitas vezes, perdem vagas por ficarem atrás de cirurgias que não são urgentes”, afirma Pedro Isaacsson, Head de pesquisa clínica e líder da iniciativa no hospital.
A formulação desta diretriz é pioneira no Brasil e segue uma tendência mundial ao evitar intervenções desnecessárias, contribuindo com o bem-estar desses pacientes, uma vez que o tratamento radical sem necessidade pode gerar uma série de sequelas, como explica o líder do projeto: “O câncer de próstata é uma doença heterogênea, e dessa forma, não podemos tratar todos os pacientes de maneira igual. Muitos pacientes se beneficiarão de vigilância ativa, ou seja, não intervir no tumor de maneira imediata, mas sim observá-lo de maneira sistemática e periódica. Já, outros pacientes, têm de ser encaminhados rapidamente para um tratamento definitivo com cirurgia, radioterapia e/ou hormonioterapia”.
O especialista segue afirmando que “o intuito do projeto é alocar melhor os recursos a quem precisa e, para isso, estamos trabalhando com os dados relacionados ao mundo todo, aplicando uma abordagem inovadora e eficaz no SUS”. Com o início do projeto previsto para 2022, serão selecionados de 10 a 15 centros de tratamento oncológico do SUS em todas as regiões do país, que receberão suporte das equipes de urologistas do PROADI-SUS para a implantação de um protocolo de vigilância assistencial. Nesse acompanhamento, será definida a quantidade de ressonâncias e exames realizados para reduzir os tratamentos radicais em pacientes com diagnóstico menos agressivo.
Além de propor-se agilizar o tratamento dos pacientes que necessitam de intervenção, a implementação do protocolo prevê a diminuição de efeitos adversos nos pacientes, citados anteriormente, além de garantir uma melhor realocação dos recursos e reduzir o desperdício de dinheiro para o sistema de saúde pública.
Formas de prevenção
De maneira geral, o câncer de próstata tem uma evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam sintomas ou, quando apresentam, são similares ao crescimento de um tumor benigno na próstata – como dificuldade em urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Entre as medidas de prevenção, encontram-se visitas regulares ao urologista, bem como a realização de exames adequados para o diagnóstico de outras diversas doenças, aumentando a probabilidade de cura nos casos mais graves.
“Na maioria dos casos, a doença se desenvolve de maneira lenta, sem apresentar sintomas. Por esse motivo é essencial que exista um trabalho de conscientização em relação aos cuidados do homem com sua saúde, evitando complicações no futuro”, salienta Pedro.
Visando a conscientização quanto ao diagnóstico precoce da doença, em novembro é celebrada a campanha “Novembro Azul” com o objetivo de direcionar a atenção da sociedade para os cuidados à saúde do homem e, em especial, à prevenção do câncer de próstata. O movimento é também responsável por uma série de ações que buscam desmistificar tabus que permeiam o diagnóstico e o tratamento desse tipo de câncer em todo o planeta.