Integração entre sistemas: uma mudança de mindset no mercado

Por Vanessa Liebl Gueratto

No passado, era muito comum vermos desenvolvedores de sistemas de saúde trabalharem em diferentes features e módulos de maneira independente. Ou seja, usando seus próprios esforços, aumentavam a complexidade da sua manutenção no intuito de oferecer a ferramenta mais completa do mercado. Hoje, o cenário mudou um pouco. A integração entre sistemas de tecnologia trouxe uma nova perspectiva.

Dificilmente alguém vai desenvolver um novo meio de pagamento próprio quando existem tão boas opções de integração com players de mercado, ou mesmo desenvolver a própria plataforma de streaming de vídeo para telemedicina e por aí vai.

De um tempo pra cá, as tendências e mesmo mindset a respeito disso estão indo em direção oposta. Ou seja, buscar os melhores parceiros, usufruir de assets, que já existem no mercado e já dominam certas funções, e investir o tempo no que ainda não existe, e assim oferecer o que ninguém mais oferece.

Mas qual realmente é a vantagem da integração entre sistemas? Já que medicina e tecnologia, independentemente dos modelos de desenvolvimento, têm caminhado sempre juntas e têm contribuído para facilitar a vida dos médicos e trazer mais agilidade?

A questão é simples. Claro que o modelo anterior de ampliação de ofertas de tecnologias ao mercado não impedia a inovação. No entanto, não podemos negar que o desenvolvimento e até mesmo a adoção destas tecnologias ocorriam a uma velocidade menor do que a proporcionada pelo atual cenário de integração de sistemas.

É claro que os sistemas que surgiram ao longo de todos esses anos apresentam facilidades e vantagens incontestáveis, cada um em sua função; mas estamos falando de diversos sistemas, que na maioria das vezes, não conversam entre si, com interface e jeitos de operar bastante distintos. Em contrapartida, algo muito diferente ocorre com a criação de um “ecossistema digital de saúde”.

Imagine se o médico, no próprio prontuário eletrônico, logo após preencher os dados de atendimento, de uma forma quase imperceptível, pudesse “apertar” um botão e já realizar a prescrição digital, de maneira segura, sem a necessidade de preencher campos que já foram preenchidos anteriormente em outro sistema?

Essa integração de sistemas já pode acontecer (aliás, já ocorre na prática). No nosso caso, desde 2016, temos trabalhado em APIs white label que permitem “encapsular” a nossa plataforma de prescrição digital e todas as suas funcionalidades, em qualquer sistema de gestão ou plataforma de telemedicina. Ou seja, é possível agregar ainda mais inteligência e inovação a um sistema já existente ou que está sendo criado (seja ele de mercado ou desenvolvido internamente). Tudo isso com customizações e personalizações que tornam a integração o menos perceptível possível. E, mais importante, o processo se torna mais ágil e menos burocrático para o médico, que não precisa mudar de telas entre diferentes sistemas.

Temos muitas integrações bem-sucedidas (mais de 200), entre operadoras, hospitais, clínicas, prontuários eletrônicos e plataformas de telemedicina. Com isso, conseguimos ajudar um número expressivo de médicos, em especial durante a pandemia.

A Prevent Senior, por exemplo, que usa a prescrição digital Memed de forma integrada a seu prontuário eletrônico, há cerca de um ano e meio, consolidou o recurso com sucesso durante o período de pandemia. De janeiro a setembro de 2020, mais de 281 mil pacientes receberam suas receitas digitalmente, sem sair de casa, via SMS. Ao todo, foram mais de 2,6 milhões de itens prescritos de forma eletrônica. A nova tecnologia proporciona mais segurança e agilidade aos mais de cinco mil beneficiários atendidos diariamente pela operadora de saúde especializada no público adulto+ (grupo de terceira idade).

Ou seja, inovar não necessariamente significa desenvolver, investir recursos e esforço próprio. Afinal, sabemos que na maioria dos casos não se chega ao “ápice” da inovação do dia para a noite. São anos e anos de investimentos em P&D. E é aí que as integrações oriundas das parcerias encurtam caminhos e fazem a diferença. É aquele conhecido conceito de unir o que cada um tem de melhor.

E a sinergia resultante das parcerias tecnológicas é rapidamente notada, tanto pelo médico usuário, quanto pelos times de desenvolvimento. Mas certamente, com maior tempo disponível para o médico durante a consulta e menos tempo gasto com burocracia, o principal beneficiário desta sinergia são os próprios pacientes.


*Vanessa Liebl Gueratto é head de parcerias estratégicas da Memed

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