Vacinas: proteger a todos é possível — e o Brasil pode ir além

Por Paulo Ernesto Gewehr Filho

Se há uma invenção que mudou o rumo da história da humanidade, essa é a vacina. Salvou vidas, evitou epidemias, acabou com doenças como a varíola e reduziu drasticamente a mortalidade infantil. E o mais impressionante: as vacinas continuam fazendo isso todos os dias, silenciosamente, nos postos de saúde espalhados por todo o Brasil.

Por aqui, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado em 1973, tornou-se referência mundial. Foi graças a ele que doenças como a poliomielite, a rubéola congênita e o tétano neonatal praticamente desapareceram do nosso mapa. E tudo isso de forma gratuita, acessível e organizada. Um exemplo de política pública que deu certo.

Mas, nos últimos anos, os sinais de alerta acenderam. A pandemia de covid-19 não só sobrecarregou os sistemas de saúde, como abriu espaço para dúvidas, medos e desinformação. As fake news se espalharam mais rápido que os vírus. E isso teve um custo: muita gente deixou de se vacinar — ou de vacinar seus filhos.

Foi a imunização em massa que permitiu controlar a pandemia. As vacinas foram resultado de um enorme esforço de cientistas e de tecnologia, sendo aprovadas pelos órgãos sanitários mais exigentes do mundo. Infelizmente, nada disso foi suficiente para impedir a hesitação vacinal, que afetou não somente o imunizante contra a covid-19, mas outras vacinas do nosso calendário tradicional.

Resultado? Doenças que estavam sob controle voltaram a circular. Nos Estados Unidos, os casos de sarampo em três meses deste ano já superaram todo o 2024 – e 95% dos infectados não se vacinaram, ou têm status vacinal desconhecido.

Neste ano, a Semana Mundial da Vacinação, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), traz uma mensagem poderosa: “A imunização para todos é humanamente possível.” A ciência já fez sua parte. Agora, cabe a nós garantirmos que essa proteção chegue a cada pessoa, em cada canto do país.

E o Brasil tem potencial para ir além. Além de vacinar, temos capacidade para produzir vacinas em larga escala. Instituições como a Fiocruz e o Instituto Butantan são reconhecidas internacionalmente. Temos cientistas, centros de pesquisa, hospitais com estrutura para grandes estudos e uma população diversa, essencial para ensaios clínicos.

Mas falta articulação. Faltam políticas públicas integradas, investimentos contínuos e diálogo entre governo, universidades e a indústria farmacêutica. Ser uma potência na produção de vacinas não é um sonho distante. É um passo natural, desde que haja vontade política, visão de futuro e, principalmente, confiança na ciência.

Vacinar é um gesto de cuidado. Produzir vacinas é um compromisso com o coletivo. E o Brasil tem tudo para ser, mais uma vez, exemplo para o mundo.


*Paulo Ernesto Gewehr Filho é Infectologista do Hospital Moinhos de Vento.

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