Medicina personalizada: potencial revolucionário das vacinas mRNA
Por Eduardo Cordioli
O desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro (mRNA) sublinha um marco significativo na história da medicina. Utilizadas com sucesso durante a pandemia, no combate contra o vírus da Covid-19, elas abriram portas para uma nova era na imunização, oferecendo um potencial imenso para enfrentar até mesmo outras doenças, como o câncer, e proporcionar esperança para famílias em todo o mundo.
As diferenças genéticas únicas presentes nas células cancerígenas de cada paciente sempre representaram um desafio para os pesquisadores. No entanto, as vacinas de mRNA oferecem uma solução promissora para essa complexidade. Estudos já apontam a capacidade das mesmas de desencadear respostas imunológicas altamente específicas. O resultado disso é o que chamamos de medicina personalizada.
Outra vantagem das vacinas de mRNA é sua capacidade de desencadear uma resposta imunológica mais robusta em comparação com as de DNA. Isso porque a natureza do mRNA permite uma entrega mais eficiente das instruções para a produção de proteínas específicas, o que leva a uma resposta imune mais forte e direcionada. Essa característica é primordial para o combate ao câncer, uma vez que a resposta inflamatória específica e personalizada pode ser direcionada exclusivamente para as células malignas, minimizando danos às células saudáveis e melhorando a eficácia do tratamento.
Equidade vacinal e cooperação global
No contexto atual de um mundo globalizado, a equidade vacinal e a cooperação global são essenciais para garantir a eficácia das estratégias de imunização. De nada adianta uma população estar imunizada enquanto outra permanece vulnerável, pois isso coloca em risco a saúde e a estabilidade global. O planejamento cuidadoso da distribuição de vacinas é crucial para garantir que todos os indivíduos tenham acesso igualitário a tratamentos inovadores e, independentemente da doença, seja possível alcançar o bloqueio vacinal desejado de pelo menos 70% da população mundial.
Além disso, a pandemia que vivemos recentemente destacou a necessidade da interoperabilidade entre os sistemas de saúde em todo o mundo. A criação de passaportes vacinais, como o Conecte SUS no Brasil, é uma iniciativa crucial para facilitar a comprovação da vacinação e permitir que indivíduos viajem e interajam em diferentes países com segurança. A cooperação global na padronização desses sistemas e o compartilhamento de informações podem fortalecer a resposta global a pandemias e melhorar a segurança dos viajantes.
Por fim, mas não menos importante, os estudos sobre métodos de vacinação mais acessíveis, como s auto injetáveis, vêm ganhado destaque. Essas inovações podem ajudar a superar barreiras logísticas e reduzir custos, ampliando assim o acesso ao imunizante em todo o mundo. Dessa forma, a indústria farmacêutica estará preparada para abraçar um futuro no qual a prevenção e o tratamento de doenças serão cada vez mais eficazes, acessíveis e personalizados.
*Eduardo Cordioli é médico obstetra e Head de Inovação na Docway.