Urgências e complicações representam 25% das cirurgias de hérnias
O Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 404 mil cirurgias para correção de hérnias da parede abdominal, entre setembro de 2020 e o mesmo mês de 2022, de acordo com dados divulgados pelo DataSus. Neste período, foram registradas 8.6 mil procedimentos em casos de complicações, como hérnias estranguladas (5.3 mil) e que voltaram (3.2 mil), além de 93 mil cirurgias de urgência, totalizando 25% do total.
O número de cirurgias de urgência impressiona, pois a Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH) acredita que este percentual de emergências atendidas pelos planos de saúde gira em torno de apenas 3%. As cirurgias minimamente invasivas – aquelas feitas com pequenos cortes, através de equipamentos específicos – representam 0,6%, ou 2.536 pacientes atendidos com o auxílio desta tecnologia. Esses casos têm como vantagem o retorno precoce às atividades cotidianas, além de menor dor pós-operatória.
De acordo com o cirurgião e presidente da SBH, Marcelo Furtado, o ideal é que os procedimentos sejam realizados da forma mais breve possível, para evitar as complicações e cirurgias de urgência. “Os casos emergenciais são sempre mais complicados, pois não temos tempo para o preparo adequado com o paciente e realização dos exames, conforme é feito em uma cirurgia eletiva. Além disso, existe o risco ao qual o paciente está submetido em casos de complicações, como o encarceramento e o estrangulamento da hérnia – que é o quadro mais grave, exigindo a cirurgia imediata”.
Quando o conteúdo da hérnia fica estrangulado compromete o fluxo sanguíneo e pode levar a isquemia e gangrena, podendo provocar a morte. Geralmente o paciente apresenta um quadro de dor intensa, acompanhado de náuseas e vômitos.
Recidivas – Para Gustavo Soares, vice-presidente da SBH, é necessário realizar o tratamento da hérnia e também os seus fatores de risco. “Quadros como obesidade, tabagismo e diabetes descontrolada aumentam o risco para novos casos de hérnias abdominais ou retorno daqueles já tratados, exigindo nova intervenção cirúrgica. O ideal é sempre encaminhar o paciente para que essas doenças associadas sejam devidamente tratadas, garantindo mais sucesso no tratamento da hérnia”.
As hérnias não desaparecem sozinhas e a única forma de curá-las é a cirurgia. As próteses em formato de tela utilizadas nas cirurgias reduzem o risco de recidiva em até 80%.