Unicamp testa smartphones para triagem de paciente neurológico

Uma pesquisa conduzida na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp pelo neurocirurgião Luiz Adriano Esteves buscou verificar a segurança, a efetividade e a reprodutibilidade da triagem de pacientes neurológicos feita por meio de smartphones.

Este tipo de triagem possibilita priorizar o tratamento de pacientes com base na gravidade do seu estado neurológico, além de diminuir o transporte desnecessário de pacientes para avaliação. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, isso é de extrema relevância.

O avanço na área de transmissão de dados e a evolução dos smartphones permitiram que a telemedicina ganhasse destaque como ferramenta em diversas áreas da medicina.

“O uso do smartphone para triagem neurológica pode ser uma ferramenta importante para melhorar o atendimento de pacientes com acidente vascular cerebral ou traumatismo craniano, por exemplo, desde que verificada sua segurança e efetividade”, diz Esteves.

O estudo foi realizado na disciplina de Neurocirurgia do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) a partir da análise de 232 pacientes de três centros de referência em neurocirurgia do Estado de São Paulo: o Hospital de Força Aérea de São Paulo, o Hospital Estadual de Franco da Rocha “Dr. Albano da França Rocha Sobrinho” e o Hospital e Maternidade Galileo, de Valinhos.

Os resultados obtidos foram publicados na tese de doutorado Avaliação da segurança, efetividade e reprodutibilidade da utilização da telemedicina para triagem neurocirúrgica, recém-defendida dentro da área de concentração em Neurologia do programa de pós-graduação em Ciências da FCM. A orientação foi do professor e neurocirurgião Andrei Fernandes Joaquim.

Dados utilizados na pesquisa são de prontuários dos pacientes submetidos à avaliação neurológica de urgência. Foram avaliados a idade, o sexo, o diagnóstico inicial, a gravidade, a tomografia computadorizada de crânio, a conduta inicial, o tempo até o atendimento, o período de internação, o transporte para avaliação e o resultado final.

Os diagnósticos iniciais do prontuário foram de 119 casos de traumatismo de cranioencefálico (TCE), 35 de acidente vascular cerebral (AVC); 27 de cefaleia; 15 de convulsão; 4 de hemorragias subaracnóideas (HSA); 4 de tumores e 28 de outros diagnósticos. Em 78 casos houve deslocamento do paciente de outros municípios até os serviços de referência em neurocirurgia. O intervalo de tempo entre o momento de instalação do evento neurológico e o atendimento variou de uma hora até 730 horas, sendo o tempo médio de 18 horas. Do total, 105 pacientes receberam alta hospitalar após avaliação, 101 permaneceram internados e 26 foram submetidos à cirurgia imediata.

As imagens de tomografia computadorizada foram obtidas pelo pesquisador com a utilização de aparelho smartphone com câmera de vídeo traseira 8 megapixels, com resolução de 3264 X 2448 pixel para fotografias e Full HD, com 60 frames por segundo para vídeos. As imagens foram obtidas por duas técnicas diferentes: fotografia do exame impresso e filmagem do exame durante sua exibição no monitor de computador.

Os dados foram armazenados em disco rígido e também por meio do uso da tecnologia de armazenamento em nuvem. Esteves enviou as imagens obtidas para a avaliação de cinco neurocirurgiões independentes, também por meio de smartphones. Os neurocirurgiões tiveram que comparar os dados, identificar alterações patológicas na tomografia, identificar pacientes potencialmente graves e avaliar a segurança em indicar transferência de pacientes para serviços de referência em neurocirurgia.

De acordo com a pesquisa, a partir do uso dos recursos da telemedicina e smartphones, os avaliadores apresentaram um acerto de 95,69% para identificação de alteração patológica na tomografia computadorizada e 95,26% de acerto com relação à identificação de quadro neurológico grave. Com relação à conduta, os avaliadores apresentaram uma concordância de 100% nos casos em que o paciente foi submetido a tratamento cirúrgico.

“A utilização de smartphones mostrou-se extremamente segura uma vez que, nos 26 casos de cirurgia imediata, os avaliadores só não optaram por essa conduta em três casos, mas propuseram a  transferência do paciente para um serviço com neurocirurgia”, diz Esteves.

Ao mesmo tempo em que a telemedicina apresenta grande potencial como ferramenta que pode alterar muitos paradigmas da medicina, ela traz consigo uma série de novas situações que demandam reflexão, debate e regulamentação, principalmente no que diz respeito às questões éticas e da privacidade e segurança do paciente.

No Brasil não existe legislação detalhada nem regulamentação governamental sobre telemedicina. Existem algumas resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) a respeito do tema. Atualmente, uma proposta de regulamentação da telemedicina no Brasil vem sendo elaborada na câmara técnica do CFM.

Segundo Esteves, é necessário que haja uma discussão extensa sobre o tema, no sentido de se normatizar o uso da telemedicina pelos profissionais da área de saúde e no ambiente hospitalar, como forma de superar as barreiras decorrentes da falta de regulamentação e de restrições que não fazem sentido face aos avanços tecnológicos dos últimos anos.

“No Brasil, embora já venham sendo desenvolvidos projetos em telemedicina, essa é uma área ainda subutilizada, especialmente na área de neurocirurgia. O WhatsApp pode ser considerado como um sistema de comunicação global entre hospitais no futuro, reduzindo os custos da telemedicina e ampliando as conexões de rede em todo o mundo”, diz o neurocirurgião.

(Informações do Jornal da Unicamp. Texto de Edimilson Montalti | Foto: Antoninho Perri)

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