Como a Reforma Tributária pode impactar médicos com negócios imobiliários
Embora muitos associem a rotina de um médico apenas ao atendimento aos pacientes, o lado burocrático, especialmente a gestão tributária e fiscal, também desempenha um papel crucial no sucesso de seus negócios. Para médicos que possuem clínicas ou imóveis comerciais, entender as nuances fiscais pode ser a chave para um gerenciamento eficiente e lucrativo. Em 2026, o Brasil iniciará uma transição tributária importante, com a implementação da reforma tributária. Este novo cenário pode gerar tanto desafios quanto oportunidades, e uma delas é a possibilidade de gerar crédito tributário a partir de contratos de locação.
A reforma tributária está trazendo uma série de mudanças, principalmente no que se refere ao novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que deve substituir o atual sistema de tributação. No entanto, o que muitos profissionais de saúde não sabem é que, se estruturados corretamente, os contratos de locação podem se tornar uma fonte de créditos tributários, o que significa uma significativa redução na carga tributária para os médicos e empresas que gerenciam clínicas.
De acordo com Lucas Augusto Les, advogado tributarista da Mitfokus, fintech especializada em contabilidade médica, “o novo sistema IVA pode abrir portas para créditos que antes eram impensáveis para os médicos com imóveis comerciais. A principal vantagem disso é a possibilidade de abater os impostos sobre aluguéis pagos, transformando uma despesa fixa em um benefício tributário”.
Segundo um documento elaborado pela KPMG, mais de 420 mil médicos estão inscritos no Conselho Federal de Medicina (CFM), o que gera um mercado imobiliário promissor nos próximos anos. Estima-se que, até 2025, este segmento de médicos e clínicas médicas contribua com a construção de até 7,4 milhões de metros quadrados para novas instalações comerciais.
Imagine o seguinte: um médico paga R$ 1.000 de aluguel mensal, com 8,43% de impostos embutidos. Isso gera um crédito tributário de R$ 84,30, que pode ser utilizado para abater o imposto devido sobre os serviços médicos realizados. Se esse mesmo médico realizar procedimentos no valor de R$ 10.000, e o IVA sobre esses procedimentos for de 12% (R$ 1.200), ele pode descontar os R$ 84,30 do valor a ser pago, o que representa uma economia para o negócio.
Além disso, outras despesas operacionais essenciais para o funcionamento de uma clínica, como energia elétrica, água e insumos médicos, também poderão gerar créditos. Isso pode representar uma forma inteligente de reduzir os custos operacionais, mas, para isso, é fundamental que o médico compreenda os detalhes da nova legislação e saiba quais transações e fornecedores são aptos a gerar esses créditos.
Outro ponto que precisa ser avaliado com cuidado é a estruturação dos contratos de locação: mantê-los em nome de uma pessoa física ou jurídica pode ter implicações fiscais bastante diferentes. A escolha certa pode resultar em benefícios fiscais a longo prazo, e um contrato bem elaborado agora pode ser a chave para garantir uma economia tributária significativa no futuro.
“Estar informado e estruturado é a chave para aproveitar o potencial das novas regras tributárias. Com o conhecimento certo, médicos e empresários da área da saúde podem não apenas evitar aumentos de impostos, mas também transformar seus custos em créditos tributários que resultarão em economia e eficiência”, explica Lucas Augusto Les.
A reforma tributária não é apenas uma mudança na forma de tributar; é uma oportunidade para otimizar a gestão fiscal e garantir a saúde financeira das clínicas médicas. A preparação antecipada é essencial para que os médicos possam se beneficiar do novo sistema, aproveitando ao máximo os créditos tributários e garantindo um futuro mais lucrativo e eficiente para seus negócios.