Teste genético prevê resposta a medicamentos para perda de peso

Pesquisadores da Mayo Clinic desenvolveram um teste genético que pode ajudar a prever como as pessoas responderão a medicamentos para perda de peso, como os da classe do GLP-1. O teste estima a saciedade calórica (CTS, do inglês calories to satiation) de cada indivíduo — a quantidade de alimento necessária para que a pessoa se sinta satisfeita — e relaciona essa característica biológica ao sucesso do tratamento. As descobertas, publicadas na revista Cell Metabolism, representam um passo promissor em direção a tratamentos mais personalizados e eficazes para pessoas que convivem com a obesidade.

“Os pacientes merecem tratamentos que reflitam sua biologia, e não apenas o tamanho dos seus corpos,” diz o Ph. D. Andres Acosta, gastroenterologista na Mayo Clinic e autor sênior do estudo. “Esse teste nos ajuda a oferecer a medicação certa para a pessoa certa desde o início.”

A obesidade é uma doença crônica e complexa que afeta mais de 650 milhões de adultos ao redor do mundo. Ela é o resultado de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais que variam de pessoa para pessoa. Essa complexidade ajuda a explicar por que as respostas às intervenções para perda de peso são diferentes entre os indivíduos. Ainda assim, as decisões sobre o tratamento muitas vezes se baseiam em medidas simples, como o índice de massa corporal (IMC), em vez dos processos biológicos que determinam o ganho e a perda de peso.

Para descobrir esses processos, Acosta concentrou-se na saciedade, o sinal fisiológico que indica ao corpo que ele já comeu o suficiente. Em 2021, ele e seus colegas definiram uma série de fenótipos da obesidade para descrever padrões alimentares. Por exemplo, algumas pessoas com obesidade tendem a ingerir refeições muito grandes (“cérebro faminto”), enquanto outras podem ingerir porções médias, mas realizar lanches com frequência ao longo do dia (“intestino faminto”).

Neste estudo, os pesquisadores analisaram a saciedade em quase 800 adultos com obesidade, convidando-os a participar de uma refeição com lasanha, pudim e leite à vontade até se sentirem cheios. Os resultados revelaram uma variação impressionante: Alguns participantes pararam de comer após ingerirem 140 calorias, enquanto outros consumiram mais de 2 mil calorias. Em média, os homens consumiram mais calorias do que as mulheres.

A equipe investigou possíveis explicações para essa variabilidade. Diversos fatores, incluindo peso corporal, altura, percentual de gordura corporal, relação cintura-quadril e idade — bem como hormônios relacionados ao apetite, como a grelina e a leptina — tiveram apenas um pequeno papel. No entanto, nenhum desses fatores explicou a grande variação na ingestão calórica. Por isso, os pesquisadores recorreram à genética.

Utilizando o aprendizado de máquina, os pesquisadores combinaram variantes em 10 genes conhecidos por influenciar a ingestão de alimentos em uma única métrica, chamada CTS-GRS (Escore Genético de Risco para Saciedade Calórica, do inglês Calories to Satiation Genetic Risk Score). O escore, calculado a partir de uma amostra de sangue ou saliva, fornece uma estimativa personalizada do limiar de saciedade esperado de cad pessoa.

Os pesquisadores da Mayo Clinic calcularam, então, a métrica CTS-GRS em ensaios clínicos com dois medicamentos aprovados pela Food and Drug Administration: um fármaco de primeira geração para perda de peso, a combinação fentermina-topiramato (nome comercial Qsymia), e um fármaco mais recente da classe do GLP-1, a liraglutida (Saxenda). Eles descobriram que:

  • Pessoas com um limiar de saciedade elevado perderam mais peso com a combinação fentermina-topiramato. Esse medicamento pode ajudar a controlar o tamanho das porções e a reduzir a ingestão excessiva de refeições muito grandes (cérebro faminto).
  • Pessoas com um limiar de saciedade baixo responderam melhor à liraglutida. Esse medicamento pode reduzir a fome em geral e a frequência de ingestão dos alimentos (intestino faminto).

“Com um único teste genético, podemos prever quem tem mais chance de obter sucesso com dois tipos de medicamento,” diz Acosta. “Isso significa um cuidado com um maior custo-benefício e com melhores resultados para os pacientes.”

A equipe realizou estudos adicionais para prever a resposta à semaglutida, outro medicamento da classe do GLP-1 (comercializado sob os nomes Ozempic e Wegovy), e espera-se que os resultados sejam publicados em breve. Além disso, os pesquisadores estão trabalhando para expandir o teste, incorporando dados do microbioma e do metaboloma, bem como desenvolvendo modelos para prever efeitos colaterais comuns, como náuseas e vômitos.

Conflito de interesses ou divulgação: A tecnologia CTS-GRS foi licenciada para a Phenomix Sciences, parceira da Mayo Clinic na comercialização de inovações. A tecnologia já está sendo utilizada em 300 clínicas nos Estados Unidos.

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