BMJ Oncology: novo teste busca detectar cânceres precocemente
O portal BMJ Oncology publicou os resultados de pesquisas que buscam desenvolver uma ferramenta de teste para detecção precoce de alguns tipos de câncer.
Se as pesquisas lograrem êxito, especialistas afirmam que pode acontecer uma “virada de jogo” na medicina – o câncer é responsável por uma em cada seis mortes em todo o mundo, mas a detecção precoce pode melhorar significativamente esses números. Os testes ora existentes têm alguns problemas, incluindo altos níveis de invasividade e custo, além de baixos níveis de precisão nos casos de doenças em estágio inicial.
A equipe que vem desenvolvendo as pesquisas, ligada à empresa de biotecnologia americana Novelna, trabalha em um teste que analisa proteínas no sangue e pode detectar 18 tipos de câncer em estágio inicial, abrangendo todos os principais órgãos do corpo humano.
Proteínas específicas no sangue já podem ser usadas para detecção precoce e monitoramento, mas, até agora, os testes carecem de sensibilidade – precisão em identificar pessoas com câncer – e especificidade – precisão em excluir aqueles sem câncer, disseram os pesquisadores.
Segundo o pessoal da Novelna, seu teste tem uma sensibilidade muito maior do que o teste Galleri, que começou a ser aplicado recentemente.
A equipe de pesquisadores ressalva que o tamanho relativamente pequeno de casos estudados, cerca de 500, exige estudos adicionais envolvendo mais pessoas. O Dr. Mangesh Thorat, qua atua no Centre for Cancer Prevention do Wolfson Institute of Preventive Medicine e que não participou do estudo, confirma a necessidade de mais estudos, mas diz que o novo teste parece ter alguns pontos interessantes, em especial a sensibilidade maior que o dos testes ora em desenvolvimento e uso.
O Professor Paul Pharoah, um especialista em epidemiologia do câncer no Cedars-Sinai Medical Center, que também não está envolvido no estudo, também recomenda cautela, mas disse que testes de sangue simples, baratos, que podem detectar diferentes tipos de câncer nos estágios iniciais e que não geram falsos positivos, poderiam revolucionar a área, especialmente por ser viável sua aplicação em grande escala.
*Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.