Estudo mapeia novas terapias para leucemia linfocítica crônica

Para cerca de 15% dos pacientes com leucemia linfocítica crônica, os tratamentos mais avançados da medicina moderna eventualmente param de funcionar. Esses são os chamados pacientes “duplamente refratários” – aqueles cujo organismo desenvolve resistência às duas principais classes de medicamentos disponíveis no mercado. Até recentemente, as opções terapêuticas para esses casos eram extremamente limitadas. Um novo estudo desenvolvido por pesquisadores brasileiros e americanos – publicado pela revista científica MDPI –, no entanto, aponta para um futuro promissor.

Uma colaboração entre o Hospital Moinhos de Vento e a renomada Mayo Clinic, dos Estados Unidos, acaba de mapear as terapias mais promissoras do mundo para esses casos considerados “impossíveis”. A pesquisa, que analisou ensaios clínicos globais, revela um horizonte repleto de esperança: desde medicamentos que ‘enganam’ o câncer até terapias que reprogramam o próprio sistema imunológico do paciente.

A leucemia linfocítica crônica (LLC) é o câncer de sangue mais comum em adultos ocidentais, mas muitos convivem com ela por anos sem sequer saber. A doença faz com que a medula óssea produza linfócitos B defeituosos em excesso – células que deveriam nos proteger, mas perdem completamente sua função. “Por ter evolução lenta, muitos pacientes descobrem a LLC em exames de rotina e podem ficar anos sem precisar de tratamento”, alerta o coautor do estudo Ricardo Menezes, hematologista do Hospital Moinhos de Vento.

Nos últimos dez anos, a medicina viveu uma verdadeira revolução no tratamento da LLC. Medicamentos inteligentes, como os inibidores de BTK e BCL-2, transformaram radicalmente o cuidado, permitindo que pacientes tivessem vidas praticamente normais por anos.

No entanto, há um porém: cerca de 10% a 15% dos pacientes desenvolvem resistência a esses tratamentos, tornando-se “duplamente refratários”. Para esse grupo, as opções eram extremamente limitadas – até agora. Isso porque o estudo identificou cinco categorias de tratamentos inovadores que estão mudando o jogo:

  • Pirtobrutinibe – O “BTK inteligente”. Trata-se de um inibidor de nova geração capaz de driblar as resistências que limitavam os tratamentos anteriores, basicamente, é como ter uma chave que funciona mesmo quando a fechadura foi trocada.
  • Degradadores de BTK – Destruição molecular. Estes medicamentos não apenas bloqueiam as proteínas problemáticas, como as destroem completamente, impedindo que o câncer desenvolva rotas de escape.
  • Moléculas multialvo – Um remédio, muitos cânceres. Algumas dessas novas substâncias têm potencial para tratar mais de 100 tipos diferentes de câncer, revolucionando a oncologia como um todo.
  • Terapias celulares – Soldados reprogramados. Técnicas como CAR-T Cell transformam os próprios linfócitos T do paciente em “soldados especializados” contra o câncer, com resultados que podem durar décadas.
  • Anticorpos designer – Precisão cirúrgica. Anticorpos biespecíficos e ‘triespecíficos’ funcionam como pontes inteligentes, conectando células do sistema imunológico diretamente às células cancerosas.

O que torna essa pesquisa ainda mais relevante é sua integração com a medicina de precisão. “Analisamos o perfil genético único de cada tumor para desenhar um tratamento personalizado, adaptável conforme a doença evolui. Porque para além da doença têm o paciente e tudo aquilo que o torna diferente”, explica Menezes.

O desafio brasileiro

Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta uma realidade preocupante: apenas 11% dos ensaios clínicos globais para LLC chegam ao país. Isso significa que milhares de brasileiros ficam sem acesso às terapias mais inovadoras. “A expectativa é que mudanças recentes na legislação ampliem o acesso e acelere a chegada dessas terapias ao Brasil”, observa Erica Ottoni, chefe do serviço de Hematologia e Hemoterapia e do Centro de Mieloma Múltiplo do Hospital Moinhos de Vento, que complementa: “Cada avanço nos aproxima de transformar a LLC em uma doença controlável e, em alguns casos, até curável”.

Para os pacientes duplamente refratários, essas descobertas representam muito mais do que números em estudos científicos – são a diferença entre a esperança e o desespero. “Pacientes que hoje não têm opções poderão, em breve, ter acesso a medicamentos que até parecem ficção científica”, comemora Menezes, que em breve retorna ao país – após uma temporada de imersão na Mayo Clinic – para se juntar aos esforços do Moinhos de Vento na implementação das terapias mais modernas aplicadas por renomadas instituições internacionais.

Publicado na prestigiosa revista científica MDPI, o estudo “Leucemia Linfocítica Crônica: novos alvos terapêuticos sob investigação”, representa não apenas um avanço médico, mas um símbolo da importância da colaboração internacional na ciência. Enquanto isso, milhares de pacientes ao redor do mundo aguardam ansiosamente que essas promessas se tornem realidade em seus tratamentos.

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