Tendências para a saúde em 2026: inteligência e integração
Por Rogério Pires
À medida que avançamos para 2026, o setor da saúde se encontra em um patamar decisivo, pronto para grandes transformações. A aceleração digital, impulsionada pelos desafios recentes, consolidou a tecnologia não mais como um suporte, mas como o epicentro da estratégia de negócio. Para os gestores que visam não apenas sobreviver, mas liderar, compreender as tendências do setor de saúde que moldarão o futuro próximo é um imperativo. A questão não é mais se a tecnologia transformará a saúde, mas sim como podemos usá-la de forma estratégica, sustentável e centrada no paciente.
A inteligência artificial é, sem dúvida, o ponto central dessa nova era. Em 2026, sua aplicação transcenderá os projetos-piloto e se tornará a espinha dorsal da eficiência. A integração da IA com ERPs e sistemas de gestão hospitalar criará um ecossistema de dados unificados, reduzindo falhas e elevando a gestão a um novo patamar de inteligência. Processos administrativos serão automatizados, garantindo mais rapidez, menos erros e uma disponibilidade integral que atende às novas expectativas dos pacientes.
Quando olhamos para o cuidado direto com o paciente, essa inteligência ganha ainda mais potência. Dados em tempo real capturados por wearables — smartwatches, smart rings e outros dispositivos — alimentarão modelos preditivos capazes de antecipar riscos, acelerar diagnósticos e pavimentar o caminho para a medicina de precisão, com tratamentos verdadeiramente personalizados ao perfil único de cada indivíduo.
Mas para que essa revolução seja possível, é imprescindível fortalecer as bases tecnológicas que permitem a adoção plena de IA. A digitalização deixa de ser uma etapa opcional e passa a ser o alicerce de toda a inovação. E, nesse sentido, três movimentos são indispensáveis para garantir maturidade digital: manter sistemas atualizados; estar na nuvem, garantindo escala e disponibilidade; e estruturar e qualificar dados, que são o combustível da inteligência artificial.
Falando em centralidade no paciente, o segmento de saúde precisa aprender uma estratégia originalmente do varejo: a experiência omnichannel. Cada vez mais, a jornada do paciente será fluida, contínua e integrada em todos os canais — do agendamento ao atendimento presencial e ao monitoramento pós-consulta. A comunicação precisa deixar de ser reativa e fragmentada para se tornar proativa e coesa, construindo uma relação de confiança e lealdade. Um paciente que se sente compreendido e amparado em todos os pontos de contato é, inevitavelmente, um paciente mais engajado com seu próprio tratamento.
Mas vale destacar: nenhuma dessas inovações se sustenta sem um alicerce sólido de cibersegurança e proteção de dados. Com o aumento exponencial da conectividade e do volume de informações sensíveis, a superfície de ataque cresceu. A cibersegurança é uma premissa fundamental para a existência de um sistema de saúde digital e confiável. Proteger os dados dos pacientes é, em essência, uma extensão do juramento de cuidar.
No fim, o futuro da saúde será definido pela capacidade de unir tecnologia, eficiência e humanidade. As instituições que conseguirem equilibrar esses três pilares não apenas acompanharão as transformações de 2026, mas liderarão uma nova era — mais inteligente, mais integrada e, sobretudo, mais centrada nas pessoas.
*Rogério Pires, diretor de produtos para Saúde da TOTVS.
