Telemonitoramento no apoio ao atendimento domiciliar
Por Francisco Arce
A Atenção Domiciliar é uma modalidade de atenção que vem sendo experimentada no Brasil, com diversos arranjos, desde a década de 1960. Destacam-se, no entanto, as experiências municipais iniciadas nas décadas de 1990 e 2000, que avançaram na concepção da Atenção Domiciliar como uma modalidade que deve estar articulada em rede, organizada através de serviços de Atenção Domiciliar (SADs) compostos por equipes multiprofissionais de referência para quantitativo populacional definido e cujo público-alvo não se restringe àquele oriundo de internação hospitalar.
Entre as ações necessárias para dar conta desses desafios, destacam-se o esforço de padronizar as informações e os indicadores centrais para essa modalidade de serviço em saúde e de organizar o processo de trabalho para o registro e a análise das informações, além da adequação dos sistemas de informação e monitoramento como se o paciente estivesse em um ambiente hospitalar para a Atenção Domiciliar.
Recentemente, em pesquisas consultadas onde várias revisões de literatura foram publicadas fornecendo novas evidências sobre a utilidade do telemonitoramento domiciliar no manejo de pacientes através de wearables. O telemonitoramento mostrou redução da mortalidade e do número de internações por todas as causas, além de efeito positivo na qualidade de vida e na adesão ao tratamento; enquanto não houve uma tendência clara no tempo de internação, em comparação com os cuidados habituais.
Mesmo com o uso da tecnologia, cria-se uma oportunidade para a participação de profissionais qualificados, uma vez que o senado federal aprovou o projeto de lei que regulamenta a profissão de cuidador de idosos, crianças e pessoas com deficiência ou doenças raras. Só no Brasil, quase um milhão de pessoas recebem atenção domiciliar por ano e calcula-se que mais de 230 mil pessoas atuem no setor, entre profissionais de saúde e cuidadores.
O Cuidador tem um papel importante de manter a higiene e cuidar do banho e da alimentação do paciente, além de fazer companhia, é o contato onde a equipe médica pode obter informações necessárias para o tratamento da saúde do paciente.
A grande expectativa do setor é que os wearables tornem a medicina mais precisa, mais prática e mais confortável. Médicos e outros profissionais da saúde também podem se beneficiar dessa tecnologia. Isso porque ela tende a tornar as funções diárias um pouco menos burocráticas. Dessa forma, permite que o foco seja realmente no paciente e permite que a jornada profissional seja menos cansativa.
Embora o potencial seja enorme, é necessário que esses dispositivos ganhem um pouco mais de qualidade e se popularizem, com a possibilidade de se criar junto ao nosso polo industrial de Manaus, empresas que desenvolvam mais acessórios a um custo acessível e viável.
Podendo dessa forma integrar aspectos relevantes ao monitoramento do paciente no seu ambiente domiciliar. Uma vez que o paciente, ao seguir as prescrições definidas em um plano de cuidados e monitorado, os dados obtidos são analisados conjuntamente para se identificar a sua situação de saúde. As informações identificadas são armazenadas em um banco de dados, estabelecendo um histórico individualizado do paciente, e transmitidas para uma central de monitoramento especializada e com condições de atender a situações de emergência.
Obtendo ainda o engajamento de pacientes e cidadãos, para promover a adoção de hábitos saudáveis e o gerenciamento de sua saúde, da sua família e da sua comunidade, além de auxiliar na construção dos sistemas de informação que irão utilizar, conforme é apresentado o item 4 das 7 das prioridades do plano de ação necessárias para a implantação da saúde digital no país.
Com a implementação do projeto é possível institucionalizar se a prática de monitoramento e avaliação, uma vez que tem sido um dos grandes desafios para as equipes de saúde (gestão e atenção) ao longo dos anos. Dessa forma será adotado práticas para o ” planejamento e à gestão, como instrumento de suporte à formulação de políticas, ao processo decisório e de formação dos sujeitos envolvidos”
Desse modo, o volume e a qualidade das ações realizadas serão visibilizadas e reconhecidas, gerando mais valor agregado através das informações e possibilitando o fortalecimento e a caracterização do acompanhamento da Atenção Domiciliar e seu fortalecimento no país.
Acredito ainda que o financiamento de projetos que apoiem a saúde, com apoio institucional, tecnológico e humano, para a estruturação de mecanismos e soluções que auxiliem nas atividades de pesquisa científica, tecnológicas e de inovação, ou até mesmo de transferência tecnológica irá representar uma grande contribuição para acelerarmos o processo da transformação digital na saúde do estado do Amazonas, beneficiando o cidadão quanto ao atendimento igualitário, mais rápido e com qualidade, buscando sempre a tecnologia para solucionar os mais complexos problemas relacionados à saúde. Além disso, podemos através do projeto articular juntos as ICTS, organizações governamentais e não governamentais no sentido de potencializarmos a aplicação na rede de saúde.
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”.
*Francisco Arce é Diretor Executivo de Tecnologia, Pesquisa e Inovação no Instituto Evereste.