Cases destacam os benefícios da saúde digital
Pesquisas da Market Research Future revelam que o mercado global de telessaúde atingirá um crescimento de 29,8% entre 2017 e 2023. A previsão para o Brasil em 2019, é que a telemedicina movimente entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões, segundo a Healthcare Information and Management Systems Society.
Este ano, o Conselho Federal de Medicina divulgou a Resolução 2.227, que regulava novos pontos no atendimento digital, mas o meio médico levantou críticas, como a falta de debate sobre o tema. Assim, voltou a valer a Resolução 2.002, aprovada em um momento tecnológico diferente do atual e que não aborda aspectos como a segurança digital.
Para o cardiologista e especialista em telessaúde, Dr. Carlos Camargo, CEO da Brasil Telemedicina – que ultrapassa 6 milhões de interações médicas online – a solução para disponibilizar saúde para mais pessoas está na tecnologia para atendimento remoto. Por isso, os investimentos da empresa neste primeiro semestre giram em torno de R$ 5 milhões, entre projetos locais, na Europa, no Paraguai e em Angola, com plataformas de tecnologia 100% brasileira.
“Cerca de 70% dos médicos especialistas estão reunidos no Sudeste e no Sul, o que denota a ausência deles tanto no interior dos estados, quanto nas demais áreas do país. A interação de saúde diagnóstica oferecida pela telemedicina viabiliza soluções digitais para um atendimento médico a distância com rapidez, segurança e qualidade, seja onde o indivíduo e o médico estiverem e em tempo real”, levanta Camargo.
Conforme os últimos dados demográficos divulgados pelo Conselho Federal de Medicina, em 2020, o Brasil já terá ultrapassado a marca de meio milhão de médicos que, entretanto, têm a tendência de continuarem distribuídos de forma desigual em todo o território. As 27 capitais brasileiras reúnem 23,8% da população e 55,1% dos médicos, ou seja, mais da metade dos registros médicos estão concentrados onde mora menos de ¼ da população do Brasil.
Para o Dr. Anis Ghattás Mitri Filho, cardiologista e diretor da TreeMed Gestão Inteligente em Saúde, a telemedicina torna o acesso à saúde universal, para um número elevado de pessoas, a um custo viável e de maneira imediata.
“Quando pessoas estão em uma situação de catástrofe, onde o acesso às equipes médicas e de saúde é precário, apenas com uma antena de satélite que puxa sinal de internet, é disponibilizado apoio médico no mesmo instante. Além disso, há a possibilidade de se aproximar médicos com grande expertise em determinado assunto, universalizando conhecimentos por vias digitais para que demais profissionais tenham acesso a essa informação”, salienta o cardiologista.
Serviço de teleassistência para hospital oncológico em Piracicaba-SP
Lançado esse mês, o Hospital Ilumina de Prevenção e Diagnóstico Precoce do Câncer chega à Piracicaba-SP para os pacientes da rede pública de forma totalmente gratuita. Dentre as inovações, destaque para o investimento na telemedicina, através da teleassistência de médicos especialistas para a equipe do SUS.
“O médico que estiver na atenção básica vai dispor de um link para acessar o especialista da equipe do hospital e, prontamente, em um plantão, este profissional vai responder como é possível agilizar a vida do paciente que está no posto de saúde”, salienta Dra. Adriana Brasil, presidente do hospital, em entrevista no lançamento do empreendimento.
O projeto visa rastrear 100% da população de Piracicaba nos cânceres de mama, colo de útero, pele e boca e tem como meta reduzir o tempo de diagnóstico da doença a 72 horas, que, hoje, é de cerca de 8 meses pelo Sistema Único de Saúde.
“O hospital já está preparado para o apoio médico remoto, com salas desenvolvidas para a videoconferência virtual e equipamentos de alta qualidade para esse relacionamento dinâmico”, completa Dr. Carlos Camargo, parceiro do projeto.
Telemedicina no Paraguai para vítimas de inundações
O Paraguai está em estado de emergência devido aos fortes temporais, comuns neste período do ano e que afetaram mais de 200 mil pessoas. A necessidade de acolhimento médico imediato é notória, sendo essa uma atual preocupação dos governantes do país.
Por isso, a Brasil Telemedicina e a TreeMed se reuniram, esse mês, com o ministro e chefe do gabinete civil, Julio Brizuela, para atuarem no atendimento às vítimas da inundação das cidades de Pilar e Chaco, onde as pessoas estão ilhadas e necessitando de orientação médica com urgência.
“O governo vai disponibilizar as plataformas da Brasil Telemedicina para prestar pronta assistência online a essas pessoas, que estão isoladas. Serão utilizadas a teleconsulta com orientação médica, a teleassistência para segunda opinião e o telemonitoramento integral de pacientes. Além disso, estuda-se a aplicação desses produtos em unidades móveis em todo o país, em carretas com ambulatório, centro cirúrgico e a disponibilização de equipamentos como eletrocardiograma, raio-x e exames como o papanicolau”, ressalta Camargo.
O ministro Julio Brizuela publicou o apoio à saúde digital em suas redes sociais, como sendo uma solução para a atual necessidade do país.
“A telemedicina é um recurso tecnológico que possibilita a otimização dos serviços de cuidados em saúde, poupando tempo e dinheiro, e facilitando o acesso a áreas distantes para ter atenção de profissionais especialistas”, explica o ministro.
Telemedicina em Angola para seguradoras de saúde
De acordo com a Organização Mundial de Saúde e o Banco Mundial, Angola é o país lusófono com a pior cobertura de saúde. No início de 2019, em entrevista para mídia local do país, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, revelou que a nação necessita de mais 30 mil médicos, havendo, assim, um grande esforço das autoridades para a melhoria da assistência à saúde.
“Será iniciado o atendimento para 4 seguradoras de saúde do país, sob coordenação da Brown Seguros. Com a atuação de equipes angolanas e brasileiras, haverá ambulatório médico digital, teleassistência para médicos, psicólogos online e a monitorização de pacientes crônicos. Em breve, terá ainda o atendimento de laudos a distância em clínicas equipadas com eletrocardiograma, raio-x, tomografia e eletroencefalograma”, conta Dr. Carlos Camargo.