Oportunidades da integração entre tecnologia vestível e saúde
Por Luciano Drager e Bruno Freitas
A cada nova geração, os smartwatches têm transcendido sua função, ganhado importância, especialmente nas áreas de saúde e bem-estar, oferecendo recursos que podem auxiliar as pessoas a monitorar sua frequência cardíaca, os níveis de oxigênio e até mesmo a qualidade do sono.
Nos dias de hoje, é evidente que a evolução tecnológica desafia os paradigmas tradicionais da medicina, trazendo à tona novas abordagens para a saúde e o bem-estar. A intersecção entre saúde e tecnologia, particularmente por meio de smartwatches, abre caminho para uma revolução no cuidado da saúde.
Um aspecto notável é a crescente importância dos smartwatches na medição de sinais biológicos. Eles oferecem a capacidade de captar informações vitais que podem ser utilizadas para alertar as pessoas sobre potenciais problemas de saúde. O monitoramento de arritmias cardíacas, por exemplo, ganha destaque nesse cenário, já que os dispositivos vestíveis têm a capacidade de identificar padrões irregulares que podem ocorrer de maneira intermitente. Essa capacidade de rastreamento pode ser crucial para a detecção precoce de problemas de saúde.
Além disso, o sono, um elemento fundamental para a saúde global, emerge como uma área de foco. A análise detalhada da arquitetura do sono, realizada por meio de dispositivos vestíveis, oferece insights valiosos sobre a qualidade do descanso. Em um mundo cada vez mais propenso a distúrbios de sono, essa característica se torna uma ferramenta essencial para melhorar o bem-estar geral e desencadear uma complementação diagnóstica e um tratamento adequado pelo profissional de saúde.
Entretanto, como qualquer avanço tecnológico, a integração entre tecnologia vestível e saúde não está isenta de desafios. Um dos maiores desafios são o aperfeiçoamento e a validação adequada destes sinais biológicos para que a utilização dos dados derivados dos smartwatches possam ser amplamente aceitos pela comunidade médica e científica e interpretados de forma confiável e otimizada.
Nesta linha, outro desafio central é a necessidade de equilibrar a geração de alertas relevantes com a prevenção de ansiedade desnecessária para os usuários dos smartwatches . A complexidade surge quando se trata de discernir quais informações devem ser consideradas clinicamente relevantes e como essas informações devem ser comunicadas de maneira eficaz. A colaboração entre a indústria e os profissionais de saúde torna-se vital nesse contexto, para definir critérios que garantam a eficácia e a segurança dos dispositivos.
Por outro lado, é fundamental reconhecer que a tecnologia do smartwatch não pode substituir o diagnóstico médico. O relógio inteligente é uma ferramenta auxiliar, um complemento para o entendimento da pessoa sobre seu próprio estado de saúde. A importância da opinião médica permanece incontestável, uma vez que os dispositivos vestíveis oferecem informações, mas a interpretação e a orientação médica são essenciais para traduzir esses dados em ações concretas.
Em última análise, o progresso na integração entre tecnologia vestível e saúde é notável. A colaboração contínua entre profissionais médicos, líderes da indústria e desenvolvedores é crucial para maximizar os benefícios dessa evolução. Embora haja desafios a serem superados, a perspectiva de melhorar a detecção precoce de doenças, proporcionar um acompanhamento mais personalizado e capacitar os indivíduos a tomar medidas proativas em relação à sua saúde é promissora. A tecnologia vestível, quando utilizada de maneira sensata e colaborativa, tem o potencial de moldar um futuro mais saudável para todos.
*Luciano Drager é Professor Associado do Departamento de Clínica Médica da FMUSP e Médico Assistente da Unidade de Hipertensão do Instituto do Coração InCor-HCFMUSP.
*Bruno Freitas é gerente sênior da Unidade de Negócios de Wearables da Samsung Brasil.