Tecnologia pode salvar vidas no controle de infecções hospitalares
Por Rogério Pires
Infecções hospitalares, infelizmente, são complicações bastante comuns em pacientes hospitalizados. De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de um milhão de pacientes morrem por ano por este tipo de ocorrência em todo o mundo e, no Brasil, estima-se que a taxa de infecção hospitalar possa chegar a 14%, segundo dados do Ministério da Saúde. Portanto, as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) são certamente uma das áreas mais importantes de um hospital.
Instituídas por lei em 1998, as CCIHs são departamentos obrigatórios em qualquer hospital, sendo responsáveis por ações voltadas à vigilância e redução do risco dos pacientes contraírem infecções hospitalares, especialmente os que estão internados, por meio de avaliações e orientações de técnicas relacionadas a procedimentos invasivos, controle do uso de antibióticos, treinamentos preventivos, monitoramento constante para controle de surtos e até mesmo dos serviços de limpeza e desinfecção.
O problema é que, até hoje, poucas instituições utilizam o poder da tecnologia para modernizar e, principalmente, dar mais eficiência aos seus departamentos de CCIH. Hoje já existem soluções no mercado que permitem digitalizar todo este processo, conferindo mais segurança e produtividade para as equipes médicas. São soluções que trabalham de forma integrada ao sistema de gestão hospitalar da instituição, independente de qual seja, importando as informações dos pacientes para sua base de dados, gerando sugestões de como proceder em determinadas situações.
A tecnologia ajuda, portanto, na realização de uma gestão completa de casos de infecção que venham a ocorrer, além de fazer o cruzamento automático de dados individuais de pacientes, como locais de contaminação, antibióticos ministrados e informações dos prontuários, e até mesmo em comunicações depois da alta, após o paciente ter deixado o hospital.
O setor de saúde é um dos mais impactados pela transformação digital. Tanto no que diz respeito à gestão, quanto ao atendimento, tratamento e diagnóstico de pacientes, a digitalização de processos se torna um diferencial de qualidade e competitividade entre as instituições do segmento, que carecem de necessidades operacionais, regulatórias e administrativas bastante específicas.
A inteligência artificial, por exemplo, tornou-se o principal atalho para uma maior eficiência de processos que demandam tempo e atenção das equipes médicas. Além disso, essa tecnologia também pode capacitar o próprio paciente a ter mais controle de sua saúde, ajudando-o a compreender suas necessidades.
Recentemente, a OMS publicou um relatório global sobre inteligência artificial na saúde, que, entre outros pontos, apontou que a IA pode e deve ser usada para: melhorar a velocidade e a precisão do diagnóstico e da triagem de doenças, auxiliar no atendimento clínico, fortalecer a pesquisa em saúde e o desenvolvimento de medicamentos e apoiar diversas intervenções de saúde pública, como vigilância de doenças, resposta a surtos e gestão de sistemas de saúde.
Ainda que a ação humana continue sendo primordial para a palavra final e para qualquer ação ou decisão a ser tomada pelas equipes médicas, a tecnologia já é capaz de identificar padrões e apontar caminhos em meio ao grande volume de dados e planilhas com bastante precisão. Para processos preventivos, como as infecções hospitalares, ela ajuda a diminuir a sobrecarga dos profissionais, automatizando a coleta e gerenciamento dos dados dos pacientes internados e otimizando rotinas de trabalho dos departamentos de CCIH, para que os profissionais possam se dedicar ao que realmente importa: a vida dos pacientes.
*Rogério Pires é diretor do segmento de Healthcare da TOTVS.