A tecnologia é o futuro da atenção domiciliar de idosos

Por Cesar Griebeler

As pessoas estão vivendo mais, uma mudança sem precedentes e que representa grandes desafios para setores fundamentais da sociedade, em especial os relacionados aos cuidados de saúde. Com o perfil médio da população mundial se transformando rapidamente, o avanço ágil da tecnologia terá cada vez mais um papel fundamental no atendimento de novas demandas que estão surgindo para atender a esse público.

Na prática, estima-se que os 73 milhões de indivíduos que compõem a geração baby boomer atinjam 65 anos ou mais até 2030 na maior economia do mundo, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Projeções do Eurostat, gabinete de Estatísticas da União Europeia, apontam que a região vai atingir o pico da terceira idade já em 2026, somando 449.3 milhões de pessoas. Já no Brasil, a perspectiva é de que o número de idosos ultrapasse o total de crianças entre zero e 14 anos em 2030, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde.

Esse envelhecimento da população mundial, apesar de esperado, traz preocupações iminentes, principalmente, em relação à oferta de cuidados médicos e serviços de saúde. A nível da União Europeia, a Eurostat constatou que, em 2019, a percentagem de idosos que relataram a utilização de serviços de cuidados domiciliares para necessidades pessoais foi de 28,6%. No Brasil, levantamento do Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar (NEAD) e realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontou que, no mesmo ano, o número de pacientes atendidos em Atendimento Domiciliar e Internação Domiciliar foi de 292 mil, seguindo em crescente alta desde então.

Monitoramento constante

O home care, ou atenção domiciliar, é um serviço prestado por uma equipe multidisciplinar que visa a manutenção e o bem-estar dos pacientes. É indicado para pessoas com doenças crônicas ou com dificuldades de locomoção que necessitam de um cuidado contínuo. Incluindo consultas, exames, aplicação de medicamentos e, em casos mais graves, até a internação domiciliar, permite oferecer tratamentos mais ágeis e humanizados, trazendo maior conforto aos usuários. O monitoramento mais próximo também possibilita a prevenção de doenças e a detecção precoce de fatores de risco.

Para garantir esse atendimento personalizado e humano em um cenário de maior longevidade e complexidade das operações, as empresas terão de focar cada vez mais na coleta e no uso adequado dos dados, além de dispositivos de monitoramento remoto de pacientes e do redirecionamento de tecnologias existentes. A integração eficiente dessas operações irá colaborar diretamente para manter os pacientes seguros em casa e garantir o custo-benefício e a eficiência por meio do atendimento domiciliar. Neste sentido, os sensores e sistemas tradicionais para auxiliar no atendimento de idosos terão de ser repensados para serem capazes de fazer inferências relacionadas à prevenção de incidentes.

Não é por acaso que a expectativa é que o mercado de dispositivos tecnológicos necessários para o monitoramento remoto de pacientes cresça para US$ 45 bilhões até 2033, de acordo com levantamento realizado pela IDTechEx. O monitoramento remoto de pacientes e o uso de dispositivos para o benefício de cuidadores e idosos dentro de casa foi um tópico contínuo durante o Connected Health Summit 2022, assim como o aumento dos serviços de telessaúde.

Maior procura por home care

Entre os anos de 2019 e 2020, a procura por este modelo de atenção à saúde cresceu 15%, de acordo com os indicadores apresentados pelo Núcleo Nacional de Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar (NEAD). Isso significa que, se o setor encerrasse seus serviços durante o período, seriam necessários 20.763 leitos hospitalares adicionais ao ano para os atendimentos que hoje são supridos pela atenção domiciliar, segundo dados do NEAD. Esses leitos representam 4,87% do total do Brasil, o que equivale à soma de leitos públicos e privados do estado de Pernambuco.

Com a pandemia, de maneira geral, as companhias aceleraram a digitalização de suas interações com clientes, cadeia de suprimentos e de suas operações internas em três a quatro anos, como mostra outra pesquisa global da McKinsey. Mais de 7,5 milhões de atendimentos foram realizados, por mais de 52,2 mil médicos, via telemedicina no Brasil, revelam dados levantados pela Saúde Digital Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital) entre 2020 e 2021. Deste total, 87% deles foram das chamadas primeiras consultas, evitando visitas desnecessárias e permitindo identificar por meio de exames a necessidade de um atendimento em uma unidade hospitalar. Para além do volume de consultas à distância, o índice de resolutividade de 91% nas consultas avulsas de pronto atendimento demonstra a importância do modelo aos pacientes.

Para que o home care possa atender as necessidades de hoje e expandir o alcance de serviços importantes até pessoas mais vulneráveis em todo o mundo, será preciso mobilizar esforços conjuntos entre diferentes setores e integrá-los. Essa sensibilização deverá ser guiada principalmente pela inovação tecnológica e por uma cultura colaborativa de inclusão. Contar com softwares por otimização e controle do atendimento domiciliar é um passo importante, já que possibilita, justamente, coletar dados para planificar e implementar estratégias que possam proporcionar atendimentos cada vez mais ágeis, eficazes e, acima de tudo, humanos.


*Cesar Griebeler é VP de Tecnologia da Pulsati.

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