Tecnologia avança na saúde, mas é preciso capacitar os profissionais
Por Patrícia Klahr
A crescente presença da tecnologia na área da saúde tem aberto espaço para inovações que estão transformando a forma como consultórios, clínicas de saúde, hospitais e profissionais de saúde se relacionam com clientes e pacientes. A incorporação de recursos como Inteligência Artificial (IA), big data, Internet das Coisas (IoT) e a robótica provocou um aumento no Índice de Tecnologia Médica, que entre 2008 e 2019 cresceu 117%, impactando positivamente no bem-estar da população e no desenvolvimento do setor, segundo pesquisa encomendada pela Associação Brasileira da indústria de Tecnologia para Saúde (ABIMED).
Há uma revolução na forma como os serviços são prestados. Isso porque os investimentos no período, que somaram R$ 97,68 bilhões, acarretaram inúmeras melhorias para os processos de gestão e na personalização dos serviços, além de diagnósticos mais precisos e com maior celeridade. Por meio de softwares de gestão, por exemplo, é possível otimizar o agendamento de consultas, a emissão de laudos médicos, o controle de estoque e até mesmo o acompanhamento do paciente. Já a IA e o Big Data permitem uma análise mais profunda dos dados do paciente, identificando padrões e auxiliando na tomada de decisões clínicas.
Prova disso é que, segundo a Pesquisa TIC Saúde, de 2022, oito em cada dez enfermeiros usaram meios digitais para registrar dados sobre os pacientes. Em 2019, a proporção era de cinco para cada dez. Entre os médicos, o número saltou de 74% para 85% na quantidade de profissionais que digitalizaram a lista de medicamentos prescritos aos pacientes. E há muito mais por vir. Entretanto, é preciso ressaltar que nem todos os profissionais estão preparados para isso.
Aplicar conhecimentos avançados em tecnologias específicas no contexto da medicina não faz parte da rotina e do dia a dia da maioria dos profissionais e nem mesmo da maior parte das salas de aulas de cursos de saúde no Brasil. Por isso, manter-se pessoalmente atualizado e buscar instituições que estão à frente das demandas do mercado é fundamental para aqueles que querem acompanhar e evoluir junto às constantes mudanças.
Cabe às instituições de ensino superior capacitar profissionais para atuarem com tecnologia em saúde, na operação, gestão e desenvolvimento de soluções inovadoras. Laboratórios modernos, currículo integrado e uma formação não convencional, são pré-requisitos para formar um profissional do futuro e isso o mercado não está acostumado a ver.
Para quem já passou pela graduação, uma pós-graduação de qualidade precisa fornecer conhecimentos atualizados sobre as ferramentas emergentes no setor, permitindo aos profissionais adquirirem habilidades específicas e se tornarem especialistas nesses campos. Além disso, o curso deve promover o networking e o contato com profissionais que já atuam ou estão buscando aperfeiçoamento na área. Em resumo, a saúde do futuro está cada vez mais conectada à tecnologia e aqueles que estiverem preparados para esse cenário certamente estarão à frente no mercado e contribuirão para a melhoria do atendimento e, consequentemente, da saúde da população. Não basta que o mercado se modernize, mas a sala de aula deve acompanhar esse ritmo.
*Patrícia Klahr é Pró-Reitora de Ciências da Saúde no Centro Universitário Facens.