Taxa de cesáreas tem redução de 1,8% na saúde suplementar
O número de cesáreas nas operadoras de planos de saúde caiu de 84,5% em 2013 e para 82,7% em 2020 (-1,8%), de acordo com o Texto de Discussão n° 85 “O Parto Adequado: evidências científicas e os seus desdobramentos no Brasil e no Mundo”, produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). Nesse período, a maior retração foi registrada entre as operadoras de grande porte (-2,7%). Entre as de pequeno e médio porte, as diminuições nesse tipo de procedimento foram de 2,1% e 0,6%, respectivamente.
Apesar da redução no período, a porcentagem de realização de cesarianas ainda é alta no Brasil. Para se ter uma base, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admite como taxa ideal o percentual entre 10% e 15% em relação ao total de partos realizados.
Parto Adequado
A cesárea é recomendada, apenas, em situações em que há complicações no parto. Quando realizada sem indicação, pode acarretar prejuízos para a saúde da mãe ou do bebê com o aumento dos riscos de comorbidades e mortalidade de ambos.
“A proporção de partos via cesárea na saúde pública no Brasil é muito alta, e na saúde suplementar é ainda mais alta, entre as mais altas do mundo. A via cesariana salva vidas nas complicações do parto, que costumam ocorrer com frequências entre 10% e 15%. Por isso, a consideração da OMS da taxa ideal ou aceitável de partos cesáreos. Mas, quando realizado sem indicação, os mais altos riscos da via cesariana superam os benefícios, e essa não deveria ser a via escolhida. É preciso disseminar a informação dos riscos e adotar políticas que sempre estimulem a via normal de parto na ausência de complicações. Nesse sentido, é importante uma gestação assistida e saudável, como recomendado no Programa Parto Adequado, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Esse programa já contribuiu para que cerca de 20 mil cesáreas desnecessárias fossem evitadas nos hospitais que aderiram à iniciativa”, analisa José Cechin, superintendente executivo do IESS.
O Parto Adequado visa estabelecer uma jornada mais eficiente para a gestante, desde o pré-natal até o pós-parto e tem contribuído para o aumento da proporção dos partos normais. De acordo com dados da ANS, os hospitais que aderiram ao programa, desde sua implementação, alcançaram resultados positivos. De 2017 a 2019, houve aumento de 33% para 37% nos partos normais, além de redução de 18% nas internações em UTI neonatal.
Modelo colaborativo de parto
O Estudo do IESS analisa, ainda, a adoção do parto colaborativo como modelo capaz de incentivar o parto normal. Adotado em países europeus, o modelo busca uma padronização dos cuidados e a humanização do parto com a adoção de assistência multidisciplinar na gestação, com a inclusão de enfermeiras obstétricas e de obstetrizes, reduzindo riscos para a saúde da mãe e bebê.
A maioria dos países da Europa trabalham com o modelo multidisciplinar e apresentam os menores indicadores de mortalidade. De acordo com dados da OMS, o Reino Unido apresenta uma das menores taxa de mortalidade materna no mundo, 7 por 100 mil nascidos vivos (2017) e de mortalidade infantil 2,8 por 1.000 nascidos vivos (2019).