INCA aponta estabilização de mortalidade por câncer de pulmão entre mulheres
Na solenidade do Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde lançam o estudo inédito “A curva epidêmica do tabaco no Brasil: para onde estamos indo?”. O estudo estima que a taxa de mortalidade por câncer de pulmão entre as mulheres brasileiras vai encerrar uma tendência histórica de elevação em 2030 e estabilizar-se. A boa notícia é uma consequência direta da diminuição da prevalência do tabagismo na população feminina, resultado das ações da Política Nacional de Controle do Tabaco.
O estudo aponta que a taxa de mortalidade por câncer de pulmão entre os homens continua a cair e deve manter essa tendência nos próximos anos, também reflexo da redução da prevalência de fumantes incentivada pelas ações de controle do tabagismo. Entre a população masculina, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão subiu continuamente desde o início da década de 80, estabilizou-se a partir de meados dos anos 90 e começou a cair em 2005.
“As mulheres brasileiras começaram a fumar depois dos homens. Tudo indica que a curva de mortalidade entre as mulheres vai seguir o mesmo padrão verificado entre os homens e em países desenvolvidos. Ou seja, após um período de estabilização, a mortalidade feminina vai começar a diminuir,” afirma Mirian Carvalho, autora principal do estudo.
Os pesquisadores calcularam a taxa de mortalidade por câncer de pulmão padronizada por idade (parâmetro usado mundialmente) de 1980 a 2017 e estimaram sua evolução até 2040, separadamente, para homens e mulheres.
A taxa de mortalidade por câncer de pulmão entre os homens sempre foi superior à verificada entre as mulheres. No entanto, como desde 2005 a taxa entre os homens está caindo e a entre as mulheres subindo, as curvas estão se aproximando. A razão entre a mortalidade homem/mulher diminuiu de 3,6 em 1980 para 1,7 em 2017.
No Brasil, o câncer de pulmão, que engloba tumores na traqueia, brônquios e pulmões, é o tipo que mais mata homens e o segundo que mais mata mulheres (depois do câncer de mama).
O tabagismo é a principal causa para o desenvolvimento do câncer de pulmão. Os impactos da diminuição do número de fumantes na redução da mortalidade por câncer de pulmão demoram décadas para serem percebidos, porque um fumante leva de 20 a 30 anos para desenvolver a doença.
“O estudo confirma o que já sabíamos: a redução do tabagismo salva vidas. Nosso programa de controle do tabagismo é um êxito, mas precisamos avançar, principalmente nas medidas de prevenção à iniciação do tabagismo entre os jovens,” conclui Liz Almeida, chefe da Divisão de Pesquisa Populacional do INCA e também autora do estudo.