Tese aborda o impacto do tabaco no Brasil e mortalidade atribuída

Brasil é referência mundial na luta contra o tabagismo, no entanto, o número de mortes atribuíveis ao tabaco é relevante no país. A pesquisadora Bibiana Wanderlei Flores defendeu sua tese de doutorado intitulada “Impacto do tabaco no Brasil: mortalidade atribuída” na terça-feira (10/06). A pesquisa foi dirigida pelos doutores Mónica Pérez Ríos e Agustín Montes, do grupo de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha.

A tese foca no impacto do tabagismo ativo e passivo na mortalidade da população brasileira em 2019, um tema especialmente relevante, dados os grandes avanços legislativos no controle do tabagismo no Brasil, sendo o país, notavelmente apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos dois primeiros países a implementar todas as medidas do MPOWER, um pacote de seis estratégias baseadas em evidências, desenvolvido pela OMS para ajudar os países a implementar medidas eficazes de controle do tabagismo e reduzir a demanda por produtos de tabaco.

Em 2019, o consumo de tabaco foi responsável por 478 mortes ao dia na população de 35 e mais anos no Brasil e o tabagismo passivo por 17 mortes ao dia. Os homens são responsáveis pela maior carga de mortalidade, representando 6 de cada 10 mortes, tanto no consumo ativo como passivo. A principal causa de mortalidade atribuível ao consumo de tabaco é a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Este resultado difere dos resultados observados nos países europeus, onde a principal causa de mortalidade atribuível ao consumo de tabaco é o câncer de pulmão. No Brasil, o câncer de pulmão é a quarta causa de morte nos homens e a terceira nas mulheres. Isso pode estar relacionado com o fator da população brasileira estar exposta fatores de risco para DPOC distintos ao tabagismo, como a utilização de biomassa como lenha para cozinhar ou aquecer as casas.

Rio Grande do Sul é o estado que apresenta as maiores taxas de mortalidade atribuível tanto ao tabagismo ativo como ao tabagismo passivo, esse resultado pode estar relacionado com o fato do estado apresentar uma alta prevalência de consumo de tabaco e à sua fronteira com a Argentina e o Uruguai, o que dá acesso a compra de cigarros mais baratos através do comércio transfronteiriço ou ilegal. Além disso, Rio Grande do Sul é o maior produtor de tabaco do Brasil, responsável por 41% da produção nacional. Amazonas é o estado que apresenta as menores taxas de mortalidade atribuível ao consumo de tabaco. Esses resultados proporcionam informações importantes para direcionar as estratégias de saúde pública e legislativas em cada estado brasileiro.

A tese apresenta resultados pioneiros, pois é a primeira vez que se estima a mortalidade atribuível ao tabagismo passivo a nível de estados e capitais brasileiras e também é a primeira vez que se realiza uma evolução da mortalidade atribuível ao tabagismo passivo no Brasil. Entre 2009 e 2021, a mortalidade atribuível ao tabagismo passivo diminuiu significativamente nas 27 capitais brasileiras, passando de 6.290 a 3.931 mortes atribuíveis. Esta diminuição se observa em todas as 27 capitais brasileiras, no entanto, o impacto entre as capitais é diferente, sendo Recife a capital que apresentou a maior diminuição de taxas de mortalidade e Palmas a capital que apresentou a menor diminuição.

No Brasil, a carga de mortalidade atribuível ao tabagismo ativo e passivo não é desprezível e é totalmente evitável, o que sugere a necessidade de modificação de algumas medidas de controle do tabagismo de acordo com o pacote MPOWER, como o aumento sustentado de impostos, pois mesmo com o aumento de impostos em 2024, Brasil segue com os cigarros mais baratos da região das Américas; restrição dos pontos de venda de produtos de tabaco; intensificar a fiscalização nas fronteiras com outros países; apoiar alternativas de cultivo de tabaco e a embalagem neutra, implementada somente pelo Uruguai na região das Américas.

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