O compromisso inadiável do setor de saúde com as futuras gerações

Por Adriana Costa

A crise climática representa não apenas uma ameaça ambiental, mas também um desafio direto à saúde pública. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, entre 2030 e 2050, a estimativa é que a mortalidade relacionada às questões climáticas seja de 250 mil mortes adicionais por ano. A realidade exige que todos os setores produtivos, especialmente o de saúde, assumam responsabilidades e adotem soluções sustentáveis que ao mesmo tempo que preservem o meio ambiente, também garantam acesso à saúde de qualidade para as populações mais vulneráveis.

O setor de saúde ocupa uma posição paradoxal nesse cenário. De um lado, precisa estar preparado para enfrentar os efeitos cada vez mais frequentes de ondas de calor, queimadas, inundações e epidemias. De outro, também é responsável por uma parcela considerável das emissões de gases de efeito estufa no planeta, respondendo por cerca de 4,4% das emissões globais, mais do que os setores de transporte aéreo e marítimo combinados. Isso impõe uma responsabilidade clara: repensar modelos de operação e cuidado, incorporando a sustentabilidade como valor estratégico e prático.

Na área de diagnóstico por imagem, que concentra parte significativa do consumo energético dos hospitais, já se observam avanços relevantes. A Siemens Healthineers vem investindo fortemente no desenvolvimento de soluções que diminuem o impacto ambiental sem comprometer a qualidade clínica. Um dos focos está na ressonância magnética, em que os sistemas mais recentes foram desenvolvidos com tecnologia Zero Helium Boil-Off, que elimina a perda de hélio – recurso natural raro e finito – durante o uso e reduz o estoque desse recurso em até 37%. Além disso, o último lançamento da empresa no segmento opera com apenas 0,7 litro de hélio líquido e consome até 40% menos energia do que modelos anteriores. Complementam esse movimento programas de economia circular, com recondicionamento e atualização de equipamentos, que evitam o descarte prematuro e ampliam o acesso a tecnologias de ponta em diferentes contextos hospitalares.

O setor de diagnóstico laboratorial também avança na direção de modelos mais sustentáveis. A aquisição de analisadores de última geração desenvolvidos com foco em eficiência de recursos, vêm contribuindo para reduzir o consumo de água e energia em ambientes de alta complexidade. Em algumas operações, observou-se redução superior a 32% no uso de água, resultando em uma economia de aproximadamente 505 litros por hora. E mesmo com o aumento de produtividade de exames em determinados projetos, foi possível reduzir em até 36% o volume de água consumido. Além disso, essas soluções operam com menor demanda energética — abaixo de 2,7 kVA — estabelecendo novos padrões de eficiência no setor.

Outro ponto fundamental é que a sustentabilidade seja entendida como um instrumento para a democratização do acesso à saúde, especialmente em regiões remotas ou vulneráveis. No Brasil, o Programa Nacional de Expansão da Radioterapia (PER-SUS), realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Varian, ampliou significativamente a oferta de tratamento oncológico pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com capacidade para atender até 55 mil pacientes por ano — número que pode aumentar em até 60% com a adoção de protocolos modernos, como o hipofracionamento — o programa contribuiu para reduzir drasticamente as filas de espera para radioterapia e a necessidade de deslocamentos, tendo como propósito o melhor desfecho clínico para o paciente.

No Acre, por exemplo, pacientes que antes precisavam percorrer mais de 500 quilômetros e aguardavam até três meses para iniciar o tratamento, hoje podem ser atendidos em cerca de uma semana, mais próximos de sua residência. A redução na quantidade de deslocamentos, impacta também na redução das emissões de CO². Em centros como a Santa Casa de Misericórdia de Maceió, as filas de espera foram eliminadas graças à instalação de aceleradores lineares modernos e ao aumento da capacidade de atendimento.

Outro exemplo emblemático desse movimento de ampliação do acesso é a iniciativa Open Care 5G, realizado em parceria com o Hospital das Clínicas e outras instituições, que utiliza a conectividade 5G para levar diagnósticos e tratamentos avançados a populações ribeirinhas da região da Amazônia.

A iniciativa possibilita a realização de exames de imagem à distância, com transmissão em tempo real para especialistas localizados em hospitais de referência. Isso não apenas reduz a necessidade de deslocamento de pacientes e profissionais, mas também acelera o diagnóstico e o início do tratamento, impactando diretamente na qualidade de vida e na eficácia dos cuidados médicos dessa população.

Esses exemplos mostram que o setor já tem à disposição soluções concretas para tornar suas operações mais sustentáveis, melhorar o acesso e contribuir para a preservação do meio ambiente. Mas é fundamental que esses avanços sejam potencializados por meio da colaboração entre empresas, governos, instituições acadêmicas e sociedade civil. A sustentabilidade deixou de ser opcional. Ela precisa se tornar um valor inegociável para o setor, não somente como estratégia de reputação, mas como parte da essência dos negócios e do compromisso ético com as futuras gerações.


*Adriana Costa é Diretora Geral da Siemens Healthineers no Brasil.

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