SUS inclui a espiritualidade como parte integrante do tratamento
A espiritualidade em alguns dos principais hospitais da Rede Pública do país deixou de ficar limitado à caridade das visitas dos representantes religiosos e passou a integrar, cada vez mais, a ciência. De acordo com números do último levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde, apenas no Sistema Único de Saúde (SUS) os atendimentos em terapias integrativas e complementares cresceram de 217 mil, em 2008, para 2,1 milhões, em 2016.
Hoje, hospitais de referência como Instituto Nacional do Câncer (Inca), Hospital Antônio Pedro (HUAP – Universidade Federal Fluminense), Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (UniRio) e no Hospital das Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde há um departamento psiquiatria que inclui a espiritualidade entre os itens pesquisados no tratamento. O acesso é gratuito e já apresentou resultados em doenças e síndromes de variadas naturezas.
Chefe do Departamento de Cirurgia Geral e Especializada da Universidade Federal Fluminense (UFF), José Genilson Ribeiro vem aplicando a Medicina Integrativa na sua rotina médica.
Segundo José Genilson Ribeiro, a medicina integrativa já apresentou resultados. Um dos casos de sucesso foi com uma paciente portadora da Doença de Crohn e câncer no rim. Ela tinha indicação para operar o tumor, só que não foi possível pelo estado psíquico da paciente. Após sessões de reiki, acupuntura e psicoterapia, foram controlados e ressignificou tanto o câncer quanto o Crohn, este último que causa irritação do intestino, diarreias etc.
Ainda de acordo com o médico, não podemos separar o binômio mente-corpo, esquecendo de analisar em um tratamento, por exemplo, emoções, os sentimentos, as reações instintivas não racionalizadas. “Se guardarmos mágoas, frustrações ou se vivermos em um ambiente altamente estressante e de conflitos, com certeza, esses problemas psicoespirituais vão interferir no organismo físico”, alerta o médico da UFF.
Como solução, Ribeiro fala que é essencial tratamentos alternativos na busca pela cura do paciente, como a medicina tradicional chinesa, a acupuntura, a homeopatia, o reiki, entre outras técnicas. A ideia é trabalhar em conjunto e integralmente, transdisciplinarmente, em prol de resolver da melhor maneira. “A doença começa primeiro na alma para depois se instalar no corpo”, sentencia o especialista do hospital niteroiense.
Na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, há também o Núcleo de Espiritualidade e Saúde, assim o estudo da relação espírito e corpo já conquistou espaço dentro da Associação Brasileira de Psiquiatria. Desde 2014, também foi criada a Liga Acadêmica de Medicina e Espiritualidade (Liame) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A UFRJ também já tem criada a liga de medicina e espiritualidade.
Ainda no Rio de Janeiro, na Escola de Medicina Souza Marques, desde 2016 foi criada a liga acadêmica de Medicina Integativa. E na Unigranrio a liga acadêmica de Medicinas e Espiritualidade (Liame) é bastante atuante desde o ano de 2015.
Congresso
Nos dias 5, 6 e 7 de julho, o Rio de Janeiro vai receber a primeira edição do Congresso Luminarium, que vai reunir renomados médicos, neurocirurgiões, doutores e especialistas para debater os benefícios da combinação de Ciência, Consciência e Espiritualidade nos campos da Neurociência, Psiquiatria, Psicologia e Nutrição.
São reconhecidas como terapias complementares aquelas que estimulam os mecanismos naturais de prevenção e cura do ser humano por meio de métodos centrados na integralidade do indivíduo e na visão ampliada da relação entre saúde e doença.