“Super IA” já é realidade no suporte clínico médico
Por Marcelo Mearim
Desde que a inteligência artificial (IA) começou a ganhar destaque, duas visões extremas emergiram: a de entusiasmo, pelo potencial transformador da tecnologia, e a de temor, pelo impacto desconhecido que ela pode causar. Na área médica, onde a IA já ocupa um papel relevante, uma terceira perspectiva tem ganhado força: a superinteligência artificial (ASI), que promete elevar o uso da IA a um novo patamar de eficiência e integração.
A superinteligência artificial supera os modelos atuais ao combinar ciência cognitiva e computacional, permitindo decisões sofisticadas em contextos complexos. Na saúde, isso viabiliza diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados.
De acordo com dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e da Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS), no Brasil, 62,5% das instituições de saúde já utilizam IA, mas a tecnologia ainda tem muito a avançar no setor. Globalmente, o mercado de IA em saúde deve movimentar mais de US$ 180 bilhões até o final da década, segundo a Precedence Research.
Hoje, a tecnologia auxilia no diagnóstico de doenças por meio de análise de imagem e aprendizado de máquina. Com a ASI, essas funcionalidades serão ampliadas e aprimoradas, permitindo que os sistemas analisem dados integrados e em tempo real, otimizando diagnósticos e intervenções, especialmente em situações de emergência.
Personalização de tratamentos
Um dos principais desafios na implementação das ASIs será a integração de dados com os prontuários eletrônicos e o uso de APIs que facilitem essa conexão. A interoperabilidade entre sistemas é fundamental para que a superinteligência possa acessar e processar informações como histórico médico, dados genéticos e características individuais. Com isso, será possível propor abordagens mais eficazes para monitorar condições crônicas e emergências, analisando continuamente sinais vitais e mudanças sutis nos padrões de saúde dos pacientes.
Além do impacto direto no fluxo de trabalho, a ASI promete também aliviar a sobrecarga administrativa enfrentada por profissionais de saúde. Tarefas como agendamentos, organização de prontuários e preenchimento de formulários serão automatizadas de forma ainda mais eficiente, passando a considerar até mesmo aspectos subjetivos, liberando médicos e enfermeiros para se concentrarem definitivamente no cuidado ao paciente.
A superinteligência na medicina abre um caminho promissor para revolucionar o cuidado com as pessoas, mas isso só será possível com uma integração responsável e ética. Superar os desafios de privacidade e segurança não é apenas uma necessidade, mas uma oportunidade para moldar um futuro em que tecnologia e humanidade caminhem juntas, transformando a saúde em um campo de inovação e empatia.
*Marcelo Mearim é CEO da Sofya no Brasil.