Papel das parcerias em momentos de mudança no mercado global
Por Michel Goya
Vivemos em uma era de transformação no setor da saúde, impulsionada por mudanças demográficas, avanços tecnológicos e desafios econômicos. Em tempos de incerteza, a consolidação e as parcerias têm se tornado estratégias centrais para garantir a sustentabilidade e o crescimento das organizações. Nesse cenário, planos de saúde e hospitais têm se unido na busca por aumento de eficiência com redução de custos, sinergias e compartilhamento de recursos para melhorar os resultados.
A pandemia de covid-19 acelerou muitos processos de transformação. No setor da saúde, evidenciou-se a necessidade de um sistema mais integrado e eficiente. Isso abriu caminho para que fusões, aquisições (M&A) e parcerias estratégicas se tornassem cada vez mais frequentes. Com aumento visível de cerca de 61% nas transações, especialmente impulsionado por investimentos em tecnologia da saúde (healthtech).
Ao unirem forças, as companhias conseguem reduzir ineficiências operacionais e com acesso a novos recursos e tecnológicos, sua capacidade de atendimento, competitividade e normalmente um aumento substancial nos resultados. Um exemplo recente são as redes hospitalares que passaram a integrar suas operações com planos de saúde, criando ecossistemas mais robustos, com foco na experiência do paciente.
Esses novos modelos de negócios trouxeram um impacto significativo para o mercado. Por meio da otimização de processos e da adoção de tecnologias disruptivas, como a telemedicina e a inteligência artificial, essas parcerias conseguem atender às demandas crescentes de saúde mantendo a qualidade. Mais do que nunca, a busca pela eficiência operacional se tornou pauta prioritária nas agendas de quem está na gestão da companhia.
Mas, como ficam as startups de saúde nesse cenário de consolidação? Embora o movimento pareça inicialmente preocupante para empresas menores, especialmente startups, o contexto é promissor. As startups são, por natureza, ágeis e inovadoras. Elas conseguem preencher lacunas no mercado e oferecer soluções tecnológicas especializadas que muitas grandes organizações ainda não possuem.
As parcerias entre startups e grandes instituições de saúde, portanto, não só são possíveis como essenciais para a evolução do setor. Em muitos casos faz mais sentido uma empresa incorporar uma startup do que investir em uma estrutura verticalizada de pesquisa e desenvolvimento.
O futuro das startups de saúde está diretamente ligado à sua capacidade de colaborar com esses gigantes do mercado. Ao desenvolver soluções inovadoras, muitas startups encontram nas grandes empresas uma oportunidade de crescimento. Por outro lado, as corporações precisam da inovação ágil e disruptiva que as startups oferecem para se manterem competitivas em um ambiente de constante transformação.
Neste contexto, as parcerias estratégicas não são apenas desejáveis — são fundamentais. Grandes players do setor de saúde, que já possuem a infraestrutura e a escala necessárias, podem encontrar nas startups a inovação que lhes falta. E, ao se associarem com empresas menores e mais ágeis, podem acelerar a implementação de novas soluções tecnológicas, melhorar a experiência do paciente e otimizar os custos operacionais.
Acredito que o futuro do setor será cada vez mais colaborativo. A chave para o sucesso reside na capacidade de unir forças, compartilhar conhecimento e buscar inovação conjunta. As startups de saúde, longe de serem ameaçadas pelo movimento de consolidação, têm um papel crucial a desempenhar como parceiras estratégicas, ajudando a transformar a saúde em um modelo mais eficiente, sustentável e com foco no paciente.
*Michel Goya é CEO da OPME Log e diretor da ABSS.