Vera Cruz Hospital realiza primeira cirurgia ortopédica da América Latina com robô Skywalker

Referência em alta tecnologia na área de saúde, o Vera Cruz Hospital, em Campinas, deu mais um passo em cirurgia robótica. A unidade conta agora com o SkyWalker Robotic Platform para a realização de cirurgias na área de ortopedia, especificamente de artroplastia. O investimento foi de cerca de R$ 8 milhões e o maior benefício aos pacientes é contar com procedimentos ainda menos invasivos, com menor tempo de internação, mais segurança, precisão e agilidade na recuperação, e riscos reduzidos de complicações. A artroplastia consiste na colocação de prótese nos joelhos. Este é o terceiro robô para procedimentos robóticos adquirido pela instituição.

Gabriel Redondano, Diretor Técnico-Médico do hospital, destaca o pioneirismo da instituição. “Fomos um dos primeiros hospitais do país a investir na robótica. É a tecnologia do futuro que tem permitido uma medicina mais moderna, humanizada e personalizada, com grandes melhorias principalmente para nossos pacientes, que têm menores incisões, tempo menor de recuperação e alta mais precoce. Em outras especialidades, já concluímos mais de três mil procedimentos robóticos, agora ingressamos na área de ortopedia e temos grandes expectativas”, afirma Redondano.

De origem americana, o SkyWalker é o primeiro deste modelo a chegar à região de Campinas e na América Latina. Segundo José Luís Zabeu, coordenador da equipe de ortopedia da unidade, o “novo membro” da equipe eleva o padrão de atendimento a casos cirúrgicos de artroplastia para nível internacional. “Permite uma maior precisão cirúrgica, contribuindo para a qualidade do resultado, inclusive em procedimentos mais complexos, sendo uma cirurgia menos agressiva devido aos menores cortes. Com isso, há menos riscos de sangramento, de inchaço, de dor ou infecção, permitindo uma recuperação mais rápida para o paciente. Por isso, a robótica vem sendo implantada cada vez mais nos maiores centros hospitalares do mundo”, destaca.

Zabeu explica que, na cirurgia tradicional, 100% do procedimento compreende o cirurgião, os instrumentos e os cálculos para definir os pontos de incisões nos ossos, nas áreas tensas ou mais frouxas do joelho, para buscar um equilíbrio que permita uma boa função. “Na robótica, são dois componentes: o robô e a navegação (feita por um médico capacitado), que consiste em um sistema de filmagem feita durante o procedimento, onde o computador interpreta as imagens e o robô ajuda o cirurgião a fazer os cortes mais precisos no osso e na definição do posicionamento da prótese. Então, a diferença básica é que existe a navegação, um braço robótico que aumenta a precisão, que dá muitas informações ao cirurgião e permite uma cirurgia com maior exatidão e, possivelmente, melhor resultado, tanto no curto, quanto no longo prazo”, detalha.

Individualizada

Especialista em cirurgia do joelho, o ortopedista Wilson Mello salienta que, com a ajuda do robô, a cirurgia se torna ainda mais individualizada. “Por sua capacidade de elaborar o plano cirúrgico específico para o paciente em questão, tendo a capacidade de realizar avaliações sob diversos aspectos, que de modo manual levaria dias, e permitir a sincronização com a anatomia do paciente, o robô, atrelado à precisão do cirurgião que o opera, possibilita o melhor alinhamento do implante, ou seja, um perfeito alinhamento funcional que garantirá os melhores resultados de forma individualizada”, afirma.

Artroplastia

Atualmente, conforme publicações internacionais, são realizadas, no mundo, cerca de 200 cirurgias de artroplastia para cada 100 mil habitantes. E, à medida em que a população envelhece, a tendência é de aumento. Gustavo Constantino de Campos, ortopedista cirurgião de joelho, detalha: “É um procedimento complexo, que permite a substituição de uma articulação com artrose por uma prótese da mesma função. Nesses casos, geralmente o paciente tem limitações severas, altos níveis de dor e restrições em atividades sociais. Com a cirurgia, é possível ter melhor qualidade de vida, restabelecendo as atividades rotineiras com maior brevidade.”

Médico ou a máquina?

A medicina é uma das áreas que mais exige constância de atualização e capacitação por parte dos profissionais. No caso de cirurgias robóticas, a equipe clínica passa por um longo treinamento, a fim de extrair o máximo potencial do robô. O ortopedista Rodrigo Pereira da Silva Nunes, também especialista em cirurgia de joelho, brinca que há sempre uma dúvida neste tipo de cirurgia: “é o médico quem faz a cirurgia ou o seu robô?”. E esclarece: “na verdade, quem faz a cirurgia é o médico, por meio de expertise e de todo o treinamento. O acesso cirúrgico é feito pelo médico, que faz o balanço ligamentar, e o robô contribui na questão de individualização da colocação da prótese para aquele paciente. Ou seja, por meio da tecnologia robótica, é possível alinhar melhor a prótese, posicionar melhor os implantes, e verificar, no intraoperatório, a correção desejada, coisa que na cirurgia convencional é feita apenas a olho nu, com experiência do cirurgião”, comenta.

Devido à grande eficácia, Nunes acredita que deve aumentar o número de cirurgias para a resolução de complicações na área de ortopedia, principalmente de casos considerados mais graves e que, antes, implicavam em mais riscos e menos eficácia por meio de cirurgias convencionais. “No futuro, a tecnologia permitirá que pacientes com deformidades maiores, como situações de hastes intramedulares e sequelas de fraturas, possam ser operados com maior assertividade e resolução cada vez maior. Acredito que cada vez mais pacientes irão optar pelo uso dessa tecnologia”, prevê.

A capacitação

Também ortopedista do Vera Cruz Hospital, Everson Giriboni explica que, para operar o equipamento, foi necessário passar um período em treinamento na Bélgica. “Exige um grande conhecimento teórico e prático e, aos poucos, a interação médico-robô vai se tornando cada vez mais fácil. No curso teórico, nós realizamos a programação no próprio robô, como na tomografia de um joelho com artrose e, em alguns minutos, fazemos toda a programação cirúrgica e do resultado desejado. Existe, inclusive, a opção de enviar a tomografia para a empresa fabricante do equipamento e obter, em 48 horas, a aprovação de um cirurgião”, comenta.

Dentro do Centro Cirúrgico, a sincronização do robô com o paciente leva, em média, dez minutos, explica Giriboni. No entanto, ele sinaliza que com a prática e a rotina, esse tempo seja reduzido ainda mais.

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