Genômica e Robótica estarão cada vez mais presentes no combate ao câncer

A 8ª edição do Simpósio Internacional Oncoclínicas, que aconteceu nos dias 19 e 20 de novembro, apresentou o panorama da oncologia em meio à pandemia e as tendências para a área. O encontro reuniu mais de 5 mil participantes de todo o país, contando com 200 aulas ministradas por 250 palestrantes, incluindo mais de 20 internacionais. De acordo com o oncologista Bruno Ferrari, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas, o objetivo foi transmitir o melhor conhecimento possível para a comunidade médica. “Nós acreditamos que só assim conseguiremos evoluir no combate ao câncer”. Confira os principais pontos debatidos.

• Impactos do Coronavírus: antes e depois

Os impactos no novo coronavírus para diagnóstico e tratamento de tumores esteve no centro de muitos debates. Entre março e junho, segundo pesquisa das Sociedades Brasileiras de Patologia (SBP) e Cirurgia Oncológica (SBCO), mais de 70 mil diagnósticos de câncer deixaram de ser realizados no país por conta da pandemia.

“Estamos frente a uma possível segunda onda da pandemia. Não podemos esquecer que ainda estamos vivendo uma pandemia e que precisamos manter os cuidados. Pessoas estão sendo contaminadas ainda e muita gente está morrendo por conta dessa doença. A boa notícia é que o setor da saúde como um todo, público e privado, está mais preparado para enfrentar os novos desafios que estão por vir. Já sabemos os mecanismos e o que é preciso para que as pessoas consigam se preservar e, ao mesmo tempo, como orientá-las para que não deixem de fazer seus exames, essenciais para o diagnóstico precoce do câncer, e sigam tratando doenças previamente detectadas”, explica Bruno Ferrari.

Segundo ele, um dos legados da pandemia está na expansão da prática médica para além dos consultórios, com o uso da telemedicina, por exemplo, que evitou e, principalmente orientou, os pacientes sobre quando procurar uma instituição de saúde e como fazer de maneira segura.

Mas os aprendizados não se restringiram ao entendimento dos mecanismos que levam à contaminação pelo novo vírus e ao estabelecimento de alternativas de fluxos seguros para pacientes. A experiência dos palestrantes e audiência que atuam na linha de frente dos cuidados oncológicos em diferentes centros do Brasil e do Mundo trouxe dados relevantes sobre os mecanismos do coronavírus em pacientes oncológicos contaminados.

“O que a nossa vivência, de forma geral, mostra é que pacientes oncológicos sem outros fatores de risco associados – imunossupressão, idade, fumantes, obesidade, diabetes e/ou hipertensão, entre outros – respondem à Covid-19 da mesma forma que o restante da população global exposta à doença. Ou seja, o câncer em si não representou chances de pior prognóstico. Nos casos daqueles mais debilitados ou que apresentam uma ou mais comorbidades, houve todavia tendência a desenvolver formas mais severas do vírus e seus consequentes reflexos na piora do quadro geral”, conta Bruno Ferrari, que lidera uma frente de pesquisas para geração de dados sobre este tema.

• Robôs no suporte às cirurgias

Procedimentos cada vez menos invasivos, que incluem o uso da tecnologia robótica, foram mostrados durante as cirurgias transmitidas ao vivo durante o simpósio. Elas fazem parte do arsenal de alternativas que melhoram a qualidade de vida dos pacientes.

Segundo Bruno Ferrari, entre as intervenções inovadoras que foram transmitidas para os médicos, a cirurgia para retirada de tumor de tireoide foi um dos destaques. O procedimento é feito a partir de uma técnica ainda pouco conhecida, que consiste na retirada do tumor por meio endoscópico, sem a necessidade de cortes na região do pescoço.

“O que vimos no simpósio foram procedimentos cirúrgicos inovadores que já fazem parte da nossa realidade: eles são minimamente invasivos e muito eficientes: você ganha com a diminuição do tempo de internação, de exposição a infecções e aumenta o tempo de recuperação daquele paciente”, diz o médico.

Para a cirurgiã torácica Paula Ugalde, coordenadora de cirurgia do Simpósio, a fusão da tecnologia com a medicina trouxe avanços vistos no diagnóstico e tratamento. E no caso das intervenções cirúrgicas, as práticas minimamente invasivas estão conquistando espaços importantes nas condutas oncológicas. “O Brasil é um dos países que têm mais robôs cirúrgicos nas Américas, a gente só perde para os EUA. Quando utilizamos essas técnicas modernas para operar os pacientes, estamos garantindo um resultado final positivo não só do ponto de vista da retirada do tumor como da recuperação pós cirúrgica. O resultado final para o paciente é excelente”.

• Genômica: essencial e cada vez mais presente no combate ao câncer

A individualização da linha de cuidado integral, desde o diagnóstico mais preciso até a definição da conduta de tratamento mais indicada, tende a ditar o tom para o tratamento de câncer agora e nos próximos anos. “Com o rastreamento do genoma e do DNA desses tumores, conseguimos saber suas particularidades e assim, encontrar a melhor forma de combater o seu avanço. E isso tem sido feito e os avanços nesses mapeamentos acontecem todos os dias, coletamos informações clínicas e genéticas para construirmos a base da inovação científica”, conta Rodrigo Dienstmann, diretor científico da Oncoclínicas Precision Medicine.

E se o diagnóstico precoce do câncer segue sendo o jeito mais efetivo de garantir melhores chances de respostas às terapêuticas aplicadas, a chamada oncologia de precisão traz respostas assertivas para que a medicação adotada atinja o alvo com grande acurácia, sob medida para as características da doença de cada indivíduo. “Isso significa que, com a ajuda da análise dos biomarcadores tumorais, ou seja, das alterações genéticas identificadas nas células daquele tumor específico e que trazem importantes informações para nos ajudar a desvendar o mecanismo da doença de acordo com cada caso de forma personalizada, podemos oferecer as melhores alternativas de tratamento em prol da qualidade de vida do paciente”, ressalta o especialista.

• Imunoterapia avança para outros tratamentos

A ciência como aliada da prática médica se aplica ainda ao desenvolvimento de medicações cada vez mais personalizadas. Neste sentido, Carlos Gil enfatiza a ampliação do uso da imunoterapia no tratamento de mais tipos de câncer. Segundo ele, a técnica consiste em fortalecer certos aspectos da imunidade do paciente para que o próprio corpo combata o tumor. A verdadeira “arma secreta” contra o câncer, diz ele, está em nós mesmos:

“Os imunoterápicos já são parte da nossa realidade e tendem a se aperfeiçoar e ganhar espaço. Há cerca de dois anos esse tipo de medicação era usada apenas em alguns poucos casos de câncer, como o melanoma – tipo de câncer de pele -, mas agora ela já tem sido recomendada para tipos de tumores nas mamas, nos rins, gastrointestinais, pulmão, leucemia, linfoma e sarcoma. E não deve parar por aí”, destaca.

• Universalização do acesso às melhores condutas ao pacientes e compartilhamento de conhecimento entre especialistas caminham lado a lado

“O atendimento oncológico pode e deve ser multidisciplinar, integral e simultâneo. O que praticamos durante o simpósio de forma explicativa é o que queremos praticar no nosso dia dia”, diz o oncologista Sergio Jobim Azevedo, coordenador científico do 8º Simpósio Internacional Oncoclínicas.

Para ele, esse processo de democratizar e universalizar o conhecimento médico é amplamente favorecido pelo formato digital, uma das heranças positivas da pandemia. “Toda a programação foi disponibilizada de forma gratuita para médicos, estudantes de medicina e outras profissionais de saúde. Uma pessoa que está no extremo norte ou sul do país pode compartilhar desse momento”, reforça.

O evento contou com treze salas temáticas, com transmissão simultânea e em tempo real, divididas por especialidade: mama, geniturinário, pele, ginecológico, sarcomas, neuroendócrino, cabeça & pescoço, hematológico, gastrointestinal, torácico, sistema nervoso central e onco hemato pediátrica (sala multidisciplinar).

“O valor da cooperação entre especialistas é uma das principais mensagens que trouxemos. Tivemos a oportunidade de reunir os maiores especialistas em oncologia clínica, cirurgia oncológica e análise genética do Brasil e exterior para debater o que há de mais avançado nestes segmentos e compartilhar este conhecimento com médicos de todo o país. Unir as equipes envolvidas na linha de cuidado com certeza agrega muito no resultado final para o paciente”, acrescenta Sergio Azevedo.

Ele ressalta que informações sobre os tratamentos, avanços, conquistas e desafios na luta contra o câncer precisam ser sempre compartilhados. Munidas dessas informações, as comunidades médica e científica conseguem evoluir e cobrar respostas por parte do poder público.

“Acredito piamente que a informação científica não deve ter barreiras. Só evoluiremos se caminharmos juntos. O câncer atinge toda a população, de classes altas e baixas e de todos os níveis de renda. Precisamos trabalhar na ampliação do entendimento sobre esses avanços tão significativos para que eles não fiquem restritos a um círculo fechado de especialistas e sejam disponibilizados rapidamente à população. É preciso garantir acesso ao melhor tipo de tratamento para todos”, finaliza.

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