Observatório: Setor hospitalar privado deve ter retração de 30% em 2020

Todos os anos, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) reúne informações administrativas e assistenciais de seus membros para traçar um panorama do setor de saúde suplementar do Brasil, que compõem o Observatório. Em sua 12º edição, no documento apresentado durante live com executivos da entidade, é possível verificar resultados positivos nas principais áreas de 119 hospitais privados. Entretanto, para este ano, com a pandemia da Covid-19, as projeções não são otimistas.

Para Eduardo Amaro, presidente do Conselho de Administração da Anahp, o Observatório é uma referência importante. “Exatamente por estarmos vivendo tempos difíceis na saúde, estamos mantendo o nosso compromisso de transparência ao lançar o anuário, sem nos esquecermos, é claro, do cenário atual”.

Devido à redução dos procedimentos eletivos, já no primeiro quadrimestre deste ano, foi observada uma queda de 11,46% na taxa de ocupação dos hospitais, comparado ao mesmo período do ano passado. “Se analisarmos apenas o segundo bimestre, a redução foi ainda maior: 12,08%. Um índice muito alto que representa também o receio da população de cuidar integralmente de sua saúde em um momento de pandemia, o que pode gerar consequências em médio prazo para o seu bem-estar”, explica o médico Ary Ribeiro, editor da publicação

Além de Eduardo Amaro e Ary Ribeiro, o lançamento do Observatório 2020 contou com a participação de Henrique Neves, vice-presidente, e Marco Aurélio Ferreira, diretor-executivo da Anahp, que moderou a live transmitida pelo canal do Youtube da entidade.

O Observatório 2020 também já está disponível para download do conteúdo na íntegra em http://conteudo.anahp.com.br/observatorio-2020. Confira abaixo uma análise dos principais indicadores:

Empregabilidade: contratações de funcionários cresceu 13,7% em 2019

Na contramão de outros setores da economia, apesar das dificuldades financeiras observadas em 2020 por conta da pandemia da Covid-19, hospitais associados continuam contratando profissionais de saúde.

O setor é responsável pela segunda posição entre os principais geradores de emprego. Segundo dados do Observatório, em 2019 os membros da Anahp totalizaram um crescimento de 13,7% em relação ao ano anterior, atingindo quase 200 mil trabalhadores (de 173.644 para 197.446). “O número atual de funcionários dos associados corresponde a 15,70% do total de empregados formais no setor de atividades de atendimento hospitalar”, conta o presidente do Conselho Administrativo da Anahp, Eduardo Amaro.

Já a taxa de admissões pelo efetivo total (quadro de pessoal ativo) apresentou o terceiro ano consecutivo de crescimento (era de 1,83% em 2017, subiu para 1,96% em 2018 e para 2,01% em 2019). O movimento está alinhado com a geração de vagas formais no setor hospitalar do país, com significativa melhora nos anos de 2018 e 2019.

“Nos primeiros quatro meses de 2020, em que observamos um momento conturbado em todos os setores da economia por conta da pandemia do novo coronavírus, o setor hospitalar, apesar das dificuldades de sustentabilidade financeira que vem enfrentando, ainda mantém um saldo positivo na geração de empregos”, explica Eduardo Amaro, presidente do Conselho de Administração da Anahp. Esse crescimento é justificado, principalmente, pela natureza da atividade no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, bem como ao aumento do número de afastamentos dos profissionais de saúde por conta da Covid-19, seja por pertencer a um público de risco, seja pela contaminação pelo vírus. Entre janeiro e abril de 2020, foram geradas 4.700 vagas entre os associados à Anahp

Uma pesquisa realizada pela Associação indica que o custo de pessoal, atualmente 38% das despesas totais dos hospitais, terá um aumento estimado de 3% em 2020, como consequência da necessidade de contratação de mão de obra temporária para assumir as atividades dos profissionais contaminados.

Epidemiologia: pandemia muda perfil das internações

No ano passado, as doenças respiratórias foram a principal causa de internação nos hospitais membros. Nos primeiros quatro meses de 2020, no entanto, além da queda de quase 20% nas internações, são observadas mudanças que podem colocar em risco a vida de pacientes com patologias crônicas.

O Observatório 2020 aponta que, no ano passado, as doenças relacionadas ao aparelho respiratório (10,45%) e geniturinário (9,31%), seguida pelas do trato digestivo (9,31%), foram as que levaram a maior quantidade de pacientes a permanecer nos hospitais.

Em 2020, com a pandemia do novo coronavírus e as recomendações dos órgãos responsáveis – como Ministério da Saúde, Organização Mundial de Saúde (OMS) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – para suspensão de procedimentos e exames eletivos, observa-se, nos primeiros quatro meses do ano, uma mudança importante no perfil das internações e no comportamento da população.

“Quando analisado o perfil epidemiológico das instituições Anahp, verifica-se uma queda de 18,1% no total de internações, comparando os meses de janeiro a abril de 2019 com o mesmo período em 2020. É perceptível, no entanto, um aumento de 27,9% nas internações relacionadas a doenças infecciosas – onde está classificada a Covid-19- enquanto que, doenças crônicas como neoplasias e doenças do aparelho circulatório e nervoso – onde estão classificados os canceres e doenças como infarto, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, dentre outras doenças de tratamento contínuo- tiveram queda de 23,2%, 20,9% e 26,6%, respectivamente”, revela o editor do Observatório da Anahp, Ary Ribeiro.

Ao longo do ano de 2019, foram realizados 107.746.532 exames, destes 75,56% foram de pacientes que estavam internados. Segundo estimativas da Anahp, devido às recomendações de cancelamento de eletivas e demais procedimentos, haverá em 2020 uma queda de 32% desses exames.

A Anahp chama a atenção para esta mudança no perfil das internações, uma vez que estes pacientes crônicos que não estão recorrendo aos serviços de saúde para acompanhamento adequado de suas patologias estão colocando a sua vida em risco e abrindo mão da possibilidade de identificação precoce de doenças graves e da possibilidade de cura.

Finanças: receita bruta cresceu em 2019, mas pode cair 30% em 2020

Ao longo dos últimos anos, os hospitais têm registrado aumento da receita bruta, o que impacta significativamente em geração de emprego, investimentos em novas tecnologias, pesquisas e tratamentos.

Em 2019, os hospitais associados atingiram a casa de R﹩ 40,1 bilhões, um crescimento de 3,88% comparado ao ano anterior. O valor representa 24,2% do total das receitas hospitalares do sistema suplementar.

Porém, em 2020, segundo projeção elaborada pela Anahp em parceria com a consultoria Compass, a receita dos hospitais associados terá redução de 30%, passando de um cenário esperado de R$ 43,7 bilhões antes da pandemia para R﹩ 30,6 bilhões nas condições atuais, considerando até junho a retomada dos procedimentos eletivos, que representam cerca de 45% das receitas dos hospitais.

“Apenas nos quatro primeiros meses do ano, a redução da receita hospitalar atrelada ao aumento das despesas variáveis e manutenção das despesas fixas gerou um resultado financeiro 25,67% menor, quando comparado ao mesmo período do ano anterior”, explica o vice-presidente do Conselho Administrativo da Anahp, Henrique Neves.

Aliado ao cenário de queda da receita, o setor está diante de um aumento significativo nos preços de insumos, como equipamentos de proteção individual (EPIs), que ultrapassou 500% de alta, além de um crescimento expressivo do consumo desses materiais de mais de 200%.

Dados regionais reiteram a força da saúde suplementar no Sudeste

Segundo a 12ª edição do Observatório, a região Sudeste é a que apresenta o maior número de beneficiários de planos de saúde, atingindo 28.658.511 e respondendo por 60,79% do mercado de planos médico-hospitalares do país (47.039.728). Mas também é a que mais apresentou queda, com 5,71% a menos em 2019 em relação a 2018. É a que tem o maior percentual da população coberta por planos privados de saúde, com 35%. Já a região Norte, no entanto, é a que tem a menor taxa de cobertura, com 10,40%.

Apesar de a região Sudeste apresentar a maior proporção de idosos (pessoas com 60 anos ou mais) na população de beneficiários, com 15,12% em dezembro de 2019, foi o Sul que atendeu mais pacientes acima de 75 anos (13,39%). Talvez isso explique a média de permanência (dias) de internação da região (4,10) ser maior do que a média nacional (4,04). Já o Norte e o Centro-Oeste foram responsáveis pelo maior número de pacientes com idade entre 30 e 59 anos (43,73%). O Norte apresenta a menor proporção de idosos entre os beneficiários, sendo 23,82% com até 14 anos. Já a região Nordeste foi responsável pelo maior número de casos de pacientes na menor faixa etária (0 a 14 anos), com 18,63%.

O Centro-Oeste registra a maior participação de planos coletivos (83,93%), sendo 69,61% dos coletivos empresariais e 14,32% dos coletivos por adesão. Já o Nordeste apresenta a maior proporção de beneficiários com planos individuais ou familiares (26,70% do total), puxando para cima a média nacional

Interessante notar que percentual de saídas hospitalares das doenças respiratórias é maior na região Sudeste (11,36%), o que pode estar associado à maior incidência dessas doenças em grandes centros urbanos, com pior qualidade do ar. O índice também é alto no Sul, atingindo 10,56%, ambos maiores que a média nacional, que é de 10,45%. Já o menor índice é do Nordeste, com 5,99%, seguido pelas regiões Norte e Centro Oeste, com 8,64%.

Outras saídas que merecem destaque são: geniturinário (Norte e o Centro-Oeste, 12,19%; Sudeste, 10,28%; Nordeste, 10,16%, todas maiores que a média nacional de 9,88%, enquanto o Sul ficou abaixo, com 8,47%); e digestivo (Norte e o Centro-Oeste, 11,11%, Sudeste, 9,48%, e Nordeste com 10,63%, todos maiores que a média nacional 9,31%, contrastando com o Sul, com 8,13%).

A maior taxa de ocupação é a do Norte e Centro-Oeste, com 79,93%, acima da média nacional (76,96%), assim como a do Sudeste, com 77,72%. A menor é a do Sul, com 75,20%. O Nordeste está quase igual à média nacional, com 76,97%.

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