Sete pautas que o setor da Saúde deve trabalhar em 2025

Por Rogério Pires

O avanço tecnológico do setor da Saúde nos últimos anos transformou o modo como as instituições operam. A digitalização traz benefícios para todos os elos da cadeia: para os pacientes, o diagnóstico e tratamento são aprimorados, melhorando também sua jornada nas instituições de saúde como um todo; para os profissionais, a tecnologia é importante aliada para ganho de produtividade, agilidade e inteligência; e do lado das instituições, a gestão é elevada a um nível superior, conferindo maior eficiência, ponto fundamental para a gestão financeira.

Diante de tantos benefícios, o movimento de transformação digital da saúde deve se acentuar em 2025, a exemplo do aumento do uso da tecnologia na jornada dos pacientes. Além de proporcionar uma experiência muito mais completa e positiva para quem é atendido, a digitalização da jornada do paciente traz mais comodidade e praticidade. Hoje, vemos a crescente popularidade de ferramentas como aplicativos próprios das instituições, chatbots para agendamento de consultas e exames e canais digitais de atendimento para o contato entre pacientes e instituições. Inovações no processo de validação do “token” das operadoras de saúde também vêm ganhando destaque, utilizando tecnologias como a de reconhecimento facial, por exemplo, o mesmo racional usado já há algum tempo pelo setor financeiro.

A tecnologia também é ingrediente essencial na maneira como as instituições de saúde realizam o registro de suas informações, parte essencial da operação. De acordo com a pesquisa TIC Saúde 2024, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), 92% dos estabelecimentos de saúde do Brasil têm algum sistema eletrônico para registro das informações dos pacientes, um aumento de 5 pontos percentuais com relação a 2023.

E conforme essa digitalização se consolida o uso de dados se torna ainda mais estratégico, abrindo um leque de possibilidades. Para 2025, sem dúvidas, os dados continuarão atuando como protagonistas, uma vez que, se bem coletados, tratados e integrados, auxiliam na gestão das instituições, sejam hospitais, clínicas, cooperativas médicas ou planos de saúde, nos mais variados aspectos. A inteligência de dados já vem sendo aplicada na redução de custos nas operadoras, por exemplo. Por meio de uma visão completa da base de cliente é possível gerenciar gastos e reduzir a sinistralidade, ponto central para as operadoras.

Outro uso dos dados na área da saúde que ganha força são os wearables, ou dispositivos vestíveis. Na medida em que grandes empresas de tecnologia lançam dispositivos como smartwatches e anéis, a população tem demonstrado maior interesse nos benefícios do uso de wearables para sua saúde. Ao captarem dados do usuário ao longo do dia, estes dispositivos podem auxiliar no monitoramento e prevenção de doenças, ajudando na condução de um acompanhamento de saúde mais eficiente por meio da medicina preditiva.

E, quando falamos em dados, não podemos deixar de lado o assunto do momento: Inteligência Artificial. A IA já vem sendo utilizada na área da saúde em diversos processos, a fim de garantir automação e eficiência para as instituições. Por isso, para 2025, aposto que a IA seguirá com destaque no setor, inclusive a IA Generativa. Uma das suas aplicações que já são vistas é no registro de informações em prontuários, possibilitando que o médico dedique total atenção ao paciente, enquanto a ferramenta registra o que foi dito no prontuário.

O mercado de tecnologia para a área da saúde vem evoluindo e, com isso, cresce o número de novidades desenvolvidas especialmente para o segmento. Mas sabemos que a digitalização da saúde no Brasil ainda enfrenta desafios, e existe um longo caminho a ser percorrido para o uso e integração efetiva das soluções no setor. Um exemplo é a necessidade de capacitação dos profissionais com relação ao uso da tecnologia. De acordo com a TIC Saúde 2024, apenas 23% dos médicos e enfermeiros realizaram alguma formação ou treinamento em informática em saúde para lidar com as novas tecnologias nos 12 meses que antecederam a pesquisa.

Outro desafio constante é a cibersegurança. Conforme o uso de soluções aumenta, é fundamental que as organizações de saúde estejam preparadas para garantir a proteção e privacidade dos dados de seus pacientes, garantindo também o cumprimento de legislações, como a LGPD. Ainda de acordo com a mesma pesquisa TIC Saúde 2024, houve um aumento no uso de todos os sistemas de segurança utilizados nas instituições de saúde em comparação à pesquisa do ano anterior. Ferramentas de segurança da informação como antivírus (88%), proteção por senha do acesso ao sistema eletrônico (83%), firewall (60%) foram as três mais citadas.

Frente a um cenário cada vez mais competitivo, volátil e repleto de desafios, as instituições de saúde têm muito a se beneficiar do investimento em digitalização. A tecnologia não é mais apenas uma ferramenta, mas sim a base para um sistema mais eficiente, conectado e centrado nas necessidades do paciente. O futuro da saúde não é apenas sobre como usamos a tecnologia, mas sobre como ela pode ajudar a criar um sistema mais sustentável e acessível para todos.


*Rogério Pires é diretor de produtos para Saúde da TOTVS.

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