Sequenciamento genético NGS agiliza o diagnóstico de tuberculose resistente
A tuberculose, doença infecciosa transmitida pelas gotículas da saliva do paciente contaminado, ainda é uma das doenças que mais matam no mundo. Em 2021, o Brasil bateu um recorde de mortes – superando 5 mil óbitos em todo o território nacional. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a recomendação do uso do sequenciamento genético NGS (Sequenciamento de Nova Geração ou Next-Generation Sequencing, em inglês) para o uso no diagnóstico de pacientes que possuem resistências a antibióticos e dentre eles, a Rifampicina.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil está elencado como um dos países prioritários para o combate à doença, já que registrou 78.057 casos em 2022. Há 19 anos, o país apresentava uma tendência de queda no número de óbitos, mas em 2021 passou a ter uma crescente que comparada à 2019, foi de 11,9%. Já o número de casos de tuberculose drogarresistente, ou seja, que apresentam resistência a antibióticos, foi de 1.104 no ano passado.
O sequenciamento NGS é a alternativa tecnológica mais avançada para a detecção de resistência a antibióticos, sendo a mais ágil para auxiliar no tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, o compromisso do país é zerar o número de famílias afetadas pela tuberculose até o ano de 2035.
Os antibióticos que o paciente pode apresentar resistência são: Rifampicina, Isoniazida, Levofloxacina, Fluoroquinolonas, Etambutol, Pirazinamida, Bedaquilina, Linezolida, Clofazimina, Amicacina e Estreptomicina.
Fernando Rivadavia, gerente do time de Genomics Specialists da Illumina na América Latina, esclarece que as bactérias ganham resistência porque o paciente, quando apresenta uma melhora, interrompe a medicação. “Para fazer essa análise é coletada uma amostra de secreção diretamente do paciente e levada ao laboratório para realizar o sequenciamento. A agilidade é o principal benefício desse tipo de exame, já que o resultado sai em poucos dias identificando o patógeno e os marcadores de resistência importantes para o tratamento, ao passo que testes baseados em cultura demoram mais de 4 a 6 semanas para gerar um resultado, além disso pode levar a um resultado inconclusivo”, explica.
Laboratórios públicos, como o Butantan, a Fiocruz e o LACEN – que, em conjunto, abrangem todo o território brasileiro – utilizam a tecnologia da Illumina para realizar esse tipo de sequenciamento. Segundo Rivadavia, é a única solução do mercado que consegue identificar 10 antibióticos recomendados pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Para chegar a esse resultado, a Organização Mundial da Saúde, realizou 12 estudos com 1.440 participantes com resistência à Isoniazida e 3 estudos com 346 pessoas com bloqueios a Pirazinamida. Todos os integrantes dessas pesquisas são da Georgia (EUA), Índia e África do Sul.
De acordo com o Ministério da Saúde, os principais sintomas da tuberculose são tosse seca contínua no início, depois com presença de secreção por mais de quatro semanas, transformando-se, em geral, em uma tosse com pus ou sangue. O paciente ainda pode apresentar cansaço excessivo, febre baixa, sudorese noturna, falta de apetite, palidez, emagrecimento acentuado, rouquidão, fraqueza e prostração. Os casos graves podem levar a colapso do pulmão e acúmulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão).
O tratamento da tuberculose é realizado à base de antibióticos, com duração de 6 meses e garante 100% de eficiência se não houver abandono ou interrupção. A prevenção dessa doença é realizada através da vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin), disponível gratuitamente no SUS e deve ser aplicada nas crianças ao nascer ou, no máximo, até os 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade.