Saúde da mulher tem mercado potencial de US$ 100 bilhões
Um novo estudo do Boston Consulting Group (BCG) revela que o subdiagnóstico e o tratamento inadequado de condições comuns de saúde que afetam as mulheres nos Estados Unidos representa uma oportunidade de mercado superior a US$ 100 bilhões. A pesquisa “Improving Women’s Health is a $100 Billion–Plus Opportunity” destaca os potenciais benefícios econômicos de fornecer rastreamento e cuidados adequados para condições como menopausa, osteoporose, doença de Alzheimer e doenças cardiovasculares.
Segundo a análise, apesar da alta prevalência desses distúrbios, muitas mulheres não recebem o diagnóstico ou tratamento adequados, criando uma lacuna significativa no mercado de saúde. Para que as barreiras que impedem o crescimento nos cuidados a pacientes que apresentam alguma dessas condições sejam superadas, é preciso investir em:
- Maior conscientização e educação. Abordar estigmas históricos e melhorar a compreensão dos sintomas e opções de tratamento.
- Ferramentas de rastreamento e diagnóstico aprimoradas. Desenvolver e implementar programas de rastreamento mais eficazes e alavancar tecnologias como IA para permitir a detecção precoce.
- Abordagens de tratamento personalizadas. Reconhecer as necessidades exclusivas das mulheres e desenvolver planos de tratamento personalizados.
- Colaboração e parcerias. Promover a colaboração entre profissionais de saúde, empresas de tecnologia e outras partes interessadas para acelerar a inovação e melhorar o acesso aos cuidados.
“Inovações em diagnósticos podem expandir ainda mais o mercado potencial, assim como um melhor tratamento para outras condições comuns que afetam a saúde da mulher – incluindo doenças autoimunes e problemas de saúde mental e metabólica, para citar alguns”, afirma Filipe Mesquita, diretor executivo e sócio do BCG.
Oportunidades para o mercado de saúde
De acordo com o BCG, atualmente, apenas um quarto das mulheres com sintomas de menopausa buscam tratamento. Com cerca de 65 milhões de mulheres nos EUA em uma das três fases do distúrbio até 2030, o mercado para produtos e serviços relacionados poderia saltar de menos de US$ 5 bilhões para mais de US$ 40 bilhões, sendo US$ 16 bilhões para produtos farmacêuticos, US$ 12 bilhões para produtos de saúde do consumidor, US$ 7 bilhões para rastreadores de sintomas e serviços digitais, e US$ 4 bilhões para tecnologia médica.
Em relação à osteoporose, estima-se que uma em cada quatro mulheres nos EUA desenvolverá a condição, mas a maioria não é rastreada. Com o número de mulheres com osteoporose devendo chegar a 19 milhões até 2030, e se os padrões de atendimento atuais persistirem, cerca de 12,2 milhões com a condição podem não ser diagnosticadas. O estudo aponta ainda que o mercado para produtos e serviços relacionados à osteoporose poderia aumentar de US$ 5 bilhões para entre US$ 21 bilhões e US$ 27 bilhões até 2030.
Já se tratando do Alzheimer, as mulheres representam quase dois terços da população dos EUA com a doença, mas um terço nunca é diagnosticado e outros 20% nunca tratados. Se os níveis de tratamento atuais não mudarem, estima-se que 1 milhão de mulheres nos EUA afetadas pela condição não serão diagnosticadas até 2030. O relatório projeta que o mercado de tratamento da doença de Alzheimer poderia aumentar dez vezes, de aproximadamente US$ 2 bilhões hoje para mais de US$ 20 bilhões até 2030, com um aumento significativo no uso de terapias modificadoras da doença (DMTs).
Por fim, no caso das doenças cardiovasculares, 45% das mulheres nos EUA têm alguma forma da condição, que continua sendo a principal causa de morte e incapacidade para mulheres no país. No entanto, os problemas cardíacos femininos são subdiagnosticadas e subtratados em comparação com o sexo masculino. O estudo estima que, se as mulheres fossem diagnosticadas e tratadas de acordo com as diretrizes para hipertensão, doença coronariana e fibrilação atrial, o valor do mercado aumentaria de US$ 11,5 bilhões hoje para US$ 20 bilhões em 2030.
“É crucial que a indústria de saúde reconheça as necessidades específicas das mulheres e invista em soluções inovadoras que abordem as lacunas existentes no diagnóstico e tratamento dessas condições. O potencial de crescimento é enorme, e o impacto na saúde e bem-estar das mulheres seria significativo”, conclui Mesquita.