Como anda a saúde mental dos profissionais da Saúde?
Por Fatima Macedo
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental. O bem-estar psicológico deixou de ser um tema periférico e assumiu a posição de uma das maiores crises globais da atualidade, impulsionada por índices alarmantes de sofrimento emocional que atravessam fronteiras, pressionam sistemas de saúde, afetam economias e desafiam culturas no mundo todo.
O cenário coloca as lideranças de empresas de saúde diante de um ambiente de pressões constantes, metas desafiadoras e transformações rápidas, exigindo uma posição estratégica, já que não basta cuidar dos pacientes, é preciso garantir que os profissionais que prestam esses cuidados estejam emocionalmente amparados.
Neste contexto, campanhas como o Janeiro Branco, dedicada à promoção da saúde mental e emocional, têm conquistado cada vez mais relevância, oferecendo às lideranças ferramentas de promoção do bem-estar emocional das equipes.
Ao engajar-se ativamente em iniciativas como identificação de sinais de sofrimento psicológico, estímulo ao diálogo aberto e implementação de ações de prevenção e acolhimento, os gestores reforçam uma cultura organizacional que valoriza o cuidado integral, tanto dos pacientes quanto dos colaboradores, reduzindo o absenteísmo e aumentando a qualidade do atendimento.
Para gestores, supervisores, coordenadores e lideranças em RH, a atualização da NR-1 pelo Governo Federal estabelece diretrizes para a adoção de uma abordagem integral e integrada de Gerenciamento de Riscos Psicossociais nas organizações, com a elaboração de planos preventivos, capacitação e promoção do engajamento de toda a equipe, e passará a ser fiscalizada com rigor a partir de maio de 2026.
Às vésperas do lançamento da edição 2026 da maior campanha pela saúde mental no mundo, o Janeiro Branco, realizada há mais de dez anos durante todo o mês de janeiro, é fundamental que as lideranças com atuação em empresas, organizações e instituições de saúde estejam inspiradas a colocarem a saúde mental no centro de suas decisões, agendas e conversas.
Antecipar a preparação das ações que irão compor a campanha dentro das empresas possibilita o planejamento de atividades realmente efetivas e personalizadas, promovendo a transformação saudável dos ambientes de trabalho e das histórias de vida.
Além disso, preparar e comunicar a campanha com clareza favorece o alinhamento de expectativas e permite que as equipes enxerguem valor genuíno nas iniciativas propostas.
Outro ponto fundamental é que a preparação antecipada de palestras, rodas de conversa, treinamentos, ações de acolhimento e campanhas internas de conscientização podem ser organizadas de forma estruturada, garantindo que contemplem diferentes perfis de colaboradores e atendam às reais necessidades da empresa.
A participação ativa das lideranças também assegura que os temas abordados dialoguem com a cultura da saúde ocupacional e com os desafios enfrentados no cotidiano.
Lideranças engajadas no Janeiro Branco contribuem para quebrar tabus e incentivar o diálogo aberto sobre saúde emocional. Em muitos ambientes corporativos ainda existe resistência em falar sobre ansiedade, estresse, depressão ou exaustão.
Quando gestores dão o exemplo, compartilhando informações, oferecendo apoio e promovendo conversas seguras, criam-se condições para que os colaboradores busquem ajuda e compartilhem suas experiências sem medo de julgamento.
Investir na campanha Janeiro Branco é um gesto de cuidado e uma estratégia de gestão que reforça a responsabilidade social, fortalece a empresa como um todo e valoriza o profissional como pessoa.
*Fatima Macedo é Psicóloga especialista em saúde mental do trabalhador, CEO da Mental Clean, membro fundadora do SAMPO (Ambulatório de Saúde Mental do Trabalhador) no Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP (2009) e Diretora de Certificação na ABQV.
